quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A era católica

Eu era católica, aliás, eu achava que eu era, porque depois eu descobri que nunca fui de verdade. Eu sou batizada, mas não acho que isso fez de mim uma católica. Porque eu nunca acreditei em nada. Eu acreditava em deus e só. Eu achava que a bíblia era como um livro de fábulas do Monteiro Lobato: cheio de ficção e com uma mensagem legal no final de cada fábula.
Pois bem, quando eu estava no catecismo eu comecei a questionar, porque só aí que eu fui perceber que aquele povo (padre, catequista, papa, esse povo) queria que eu realmente acreditasse naquilo tudo, não como fábula, mas como verdade. Ou seja, era pra eu acreditar que realmente teve um cara que andou por cima da água, multiplicou pão, transformou vinho em água, fez paraplégico andar, cego enxergar e foi crucificado, morto e sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e está sentado à direita de deus pai todo poderoso, d'onde há de julgar os vivos e os mortos (é, eu ainda sei o credo). Entre outras coisas.
Foi aí que caiu a ficha. Eu acreditava em deus, num poder maior, mas não nesses contos que nunca foram provados.
Enfim, eu fiz primeira comunhão mais por curiosidade do que por tudo, porque eu morria de vontade de provar a hóstia. Mas naquela época eu já percebia que aquilo não era pra mim, porque eu não me sentia bem na igreja, era um tédio, me dava sono, e eu realmente não acreditava em nada. Eu nem rezava mais, eu simplesmente conversava com deus, como eu conversaria com qualquer pessoa, falando das minhas aflições, e de vez em quando eu pedia ou agradecia qualquer coisa.
Com o passar dos anos eu fui lendo, pesquisando, vendo que realmente nada da bíblia é comprovado, que quem acredita é por pura fé, e fui só me afastando do catolicismo. Mas se alguém me perguntasse, eu respondia que era católica, porque eu sou batizada e fiz primeira comunhão e, até então, não tinha tanta vergonha dessa religião.
Aí o Bento começou a falar bobeira. Falar pra não usar camisinha, essas coisas, tudo bem. Porque realmente faz sentido pra quem é católico de verdade. O problema é só achar um católico de verdade nesse mundo, porque até hoje eu não conheci nenhum. Ninguém segue a bíblia à risca, então não faz sentido seguir o que o papa fala. Mas foi quando ele começou a querer mudar os pecados capitais, adicionando coisas ridículas, como a proibição de doação de órgãos, que eu achei o cúmulo da estupidez e comecei a me assumir não católica mesmo, porque aí já dava vergonha de falar.
E foi quando eu me assumi totalmente não católica que eu comecei a questionar profundamente deus. Mas aí já é assunto pra outro post.

3 comentários:

Luiza Poulain disse...

Peço perdão ao Monteiro Lobato por comparar seus livros geniais com a bíblia.

Nara disse...

O bom mesmo é conversar com Deus como vc fazia, Lulinha!

Bianca Garcia disse...

Caí aqui, oras! Que bacana o texto, Luiza! Eu era protestante e também não consigo me definir mais como tal, cresci em igreja evangélica, fui batizada nas águas (depois vc pesquisa aí se não souber), acredito em Deus, em algo maior que a gente que só tem pele e osso... Mas tive minhas decepções com RELIGIÃO, muitas decepções, e isso me fez enxergar outro Deus, outros credos. Faz parte desse nosso crescer, acho.

Beijão!