segunda-feira, 30 de maio de 2011

With love, from me, to you

Músicas me emocionam muito.
Mas eu sinto algo muito profundo quando ouço uma música que sei que foi dedicada a alguém. Eu não sei se é assim com todo mundo, se isso é muito óbvio, mas comigo não falha.
Música e poesia são coisas que ficam eternizadas. Dedicar a alguém é uma forma explícita e sincera de demonstrar afeto, amor ou ódio.
Até as músicas de ódio dedicadas a alguém acabam sendo mais interessantes. Pensar que aquele sentimento ruim todo está direcionado a alguém, ao que essa pessoa fez.

Só estou escrevendo isso pra poder indicar algumas músicas para os fantasmas que habitam o blog.
E espero que os fantasmas também me indiquem músicas desse tipo.

Por favor ouçam (e leiam com muita atenção a letra):
Here today - Paul McCartney (para John)
My love - Paul McCartney (para Linda)
Beautiful Boy - John Lennon (Para Sean)
Hey Jude - The Beatles (Para Julian)
Kim - Eminem (para Kim)

E tem muitas outras, mas só lembrei destas por agora. Eu to puro Beatles. E lembrei da do Eminem porque as músicas de ódio direcionado que conheço são dele.

Talvez eu goste tanto disso porque eu já tive uma poesia dedicada a mim. Do meu pai.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Up and Coming Tour.

It was written that I would love you from the moment I opened my eyes.

Em minha vida toda nunca achei que veria um show do Paul McCartney.
Era algo inalcançável. Beatles era algo inalcançável, parecia mito.
Eu nasci ouvindo Beatles, cresci sabendo que aquilo era música, que aquilo era o começo de tudo, que antes disso não tinha nada muito relevante. Eles são a base pra qualquer outra coisa. Qualquer banda é inspirada nos Beatles direta ou indiretamente.
Então, como o John já havia morrido quando eu nasci e como Beatles já não existia mais há um bom tempo, eu achava simplesmente impossível, eles eram intocáveis.
Mas eu não ficava triste por causa disso, afinal era impossível, não havia nada que eu podia fazer, era simplesmente uma coisa distante, alta, num pedestal.
É como um amante de futebol que quisesse ver a seleção Brasileira de 58 jogar. Impossível assim.

Aí veio o show de São Paulo. Eu não sei exatamente qual lógica passou pela minha cabeça de pensar que eu não poderia arcar com as despesas disso. Não há desculpas pra não ir em um show do Paul. Eu venderia minha alma, se necessário. Só que eu só fui pensar melhor nisso depois dos ingressos esgotados. E aí eu vi o show pela TV, chorei demais. Devo ter passado umas duas semanas amargas, muito depressiva, não me perdoando por ter deixado essa chance única escapar.
Ah, que gosto delicioso de estar errada. Surgiu a confirmação do show no Rio. Foi tudo muito rápido, nem raciocinei bem, minha irmã e minha tia já programaram tudo, compraram tudo e pronto, estava tudo certo. Pronto, eu ia, era certo, absoluto. Só a morte me impediria disso.
A ficha demorou pra cair.

21.V.2011
Dava vontade de perguntar pras outras pessoas no ônibus "você também está indo ao show?".
Nas ruas do Rio eu identificava quem ia estar lá no dia seguinte também. Várias pessoas com camisetas dos Beatles e do Paul, vários sorrisos incrédulos, como o meu. Um clima indescritível.

22.V.2011
Acordei meio anestesiada. Fui dar uma volta no Aterro do Flamengo olhando bem cada um que passava de bicicleta. Depois teve o almoço na casa da tia Virgínia. Que clima. Já estava todo mundo meio emocionado, ver o Paul no DVD cantando Hey Jude e raciocinar que dali algumas horas aquilo seria real foi demais. Não aguentei. Chorei.
No metrô já havia um ar diferente, eu ficava tentando adivinhar quem estava indo pro mesmo lugar. Na Central do Brasil foi emocionante, cartazes, muita gente com seu uniforme de show, um fluxo na mesma direção e as pessoa de verde que indicavam o caminho e desejavam "bom show". Chegando no Engenhão, o primeiro coro, acompanhávamos um rapaz que tocava e cantava Twist and Shout. Ah, que clima! Que clima! Aí veio a fila, enorme e deliciosa, só alimentava esse clima. Uma fila de gente feliz, muito feliz. A monumentalidade do Engenhão também só ajudava. Depois de muito tempo de fila, de muita ansiedade, andamos calmamente para um lugar onde coubessem seis fãs bobo-alegres. Setor superior leste. Tocavam músicas dos Beatles cantadas por outras pessoas, lindas versões.
21:45 apagam-se as luzes. Fiquei em pé, coração na mão. You say yes, I say no, you say stop but I say go, go, go. Minha mente não acreditava, parei de sentir meu corpo, as lágrimas escorriam incessantemente, a voz não saía direito. Foi aí que caiu a ficha. Durante umas três músicas eu chorei sem parar. Depois acho que as lágrimas secaram, mas a cada música que começava eu pensava "não acredito que estou ouvindo isso" e dava outro nó na garganta. Ele conversava com a plateia e eu sentia como se fosse diretamente comigo, e respondia como se ele ouvisse apenas a mim. E cantava com força pra ter certeza que eu fazia parte do coro todo que o estava acompanhando. Eu o medi, cabia entre meus dedos, tinha cerca de 1,5cm de altura de onde eu estava. Muito longe? Não. Muito, muito perto. Muito mais perto do que qualquer sonho que eu nem tive, por nunca achar que seria possível ver, ouvir e cantar junto com aquele que compôs Hey Jude. Eu estava vendo um dos four lads who shook the world. De Liverpool para mim. Para mim!
E senti como se o John estivesse lá em Here Today. For you were in my song.
Eu ainda não acredito completamente.
I don't know why you say goodbye I say hello.

domingo, 8 de maio de 2011

Alergias

Deu vontade de fazer um texto sobre um monte de coisas que passaram pela minha cabeça hoje.
Eu fiquei fuçando no blog, relendo comentários, e deu uma saudade daquela época que eu postava várias vezes no mesmo mês, porque parece que eu estava com muita coisa pra falar e queria falar. Então resolvi postar em homenagem a isso.
A
s pessoas que não tem alergias são muito mais felizes. Alergia é uma doença, é a pior coisa que você pode ter, transforma a sua vida, chega a moldar um pouco a sua vida. Ontem eu vi rapidamente uma cena na TV de uma criança pegando algo em cima de um armário, uma caixinha muito empoeirada, e dando aquela assoprada por cima e depois passando a mão pra ver bem como era a caixinha por fora, antes de abrir. Essa soprada me dá vontade de espirrar, me coça o olho. Eu acho incomum ver uma pessoa sem alergias, sem pelo menos uma rinitezinha, então essa cena me parece muito irresponsável pela parte da criança, ou dos pais que não estão vendo-a fazer isso. Mas na verdade é normal, porque ela não tem alergias. Eu invejo aquela criança. Invejo mesmo, porque eu sei que aquilo era uma cena, mas tinha uma criança atuando ali, uma criança que realmente soprou um monte de poeira perto do rosto e não sentiu nada, a cena continuou sem ela precisar de uma bombinha, ou um lenço, ou um colírio, ou um médico.
Eu sou uma pessoa muito alérgica.
Poeira pode me fazer espirrar, tossir, lacrimejar, causa conjuntivite alérgica, bronquite, rinite, faringite, e vários outros ites.
Certos tipos de pêlo também podem me causar todos esses ites aí de cima.
Algum componente da urina de certos animais me da coceira, deixa minha pele vermelha, e também pode causar os ites aí de cima.
Eu tenho dermatite atópica, ou seja, eu sou alérgica ao ambiente em volta de mim.
Coco me faz inchar, pode fechar a minha garganta se inchar muito, se eu encostar pode deixar minhas articulações rangentes e inchadas também, me deixa vermelha, me faz vomitar, enfim, causa os tipos de reação alérgica mais poderosos.
Camarão não me cai bem, nunca comi muito porque vai fazendo minha língua coçar.
Cheiro de gasolina me dá náusea. (Isso nem é uma alergia)
E acho que é só.
Então eu não sei bem o que é uma pessoa não se preocupar com nada disso, eu não como nada sem investigar primeiro, eu não entro em lugares que ficaram fechados por muito tempo, eu não visto roupa que estava guardada por meses no armário, eu não posso arrumar a cama sem uma janela aberta, eu nunca poderia participar de uma briga de travesseiros, eu não posso nem rir além da conta, porque me dá bronquite.
Enfim, eu ando com antialérgico na bolsa e bombinha pra bronquite e remédio pro nariz, mas não é que eu sou hipocondríaca nem nada, eu só sou alérgica.
Eu amo cachorros, não tenho alergia deles, mas eu não poderia ter um cachorro no meu apartamento, eu não poderia ter um cachorro que sobe na minha cama ou no meu sofá. Eles não me causam alergia, desde que eu não viva no mesmo ambiente que eles.
Essa é a parte mais triste.

P.S.: eu era tão encanada que antes de eu dar o meu primeiro beijo eu ficava muito preocupada achando que poderia acontecer da outra pessoa ter tomado água de coco ou algo assim antes, e me dar alergia durante o beijo.
hahahaha

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Fuzarca

Virou um fuá a história de que eu queria meter a fubeca com um fueiro na fuampa da esquina. Aquele fubica de nada que veio fuçar na conversa, fúfio, vinha dizendo que meu fiambre furtado era da fubana maldita, só porque achou o nome da tal no ficheiro de fiados da venda da praça. Fuão fubento, cheio de fogagem, levou uma fubecada na orelha e caiu com a mão num fulgorídeo, fugiu sem fôlego e derrubou o fulgente lampião da loja do fulano. Virou um fogacho. O fulano, dono da venda, febril de raiva, passou a chave no fechal e foi correr atrás do fanfarrão.
Quando fui ver a fuampa fajuta tinha fugido. A fuga foi um falhanço, pois ela tropicou no saco de feijão do feminil feirante e foi de cara no furrundu da barraca do final do feiroto do fim de semana.
Aí eu perdi a fome e desisti do fiambre. Furtei um figo e fui fuxicar com o fabiano que voltava da briga do fulano fachudo da venda e do fubica fedido que pôs fogo na loja. Achei que o façanhudo da história era o fachudo da loja, mas foi um fracasso. O fuá todo só rendeu pra fofocada das férias todas. Todo mundo só falava do fiasco do fouveiro e do fogaréu da loja, ninguém futricava sobre a fubana fujona.

[Passei muito tempo na letra F do dicionário pra fazer esse texto. Foi só pra testar a qualidade de um texto baseado em nada além das ideias que as palavras esquisitas do dicionário iam sugerindo. Espero que tenha ficado divertido, pelo menos.]