quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Dos seus olhos

Eu gosto da sensação de acordar e saber que ainda posso dormir mais um pouco.
Eu gosto ainda mais de acordar sem sono, sem despertador.
Eu gosto do barulho das bolhas de Coca-Cola alvoroçadas no copo de metal.
Eu gosto de pessoas aleatórias que me desejam "bom dia" na rua.
Eu gosto de poder chorar sem esconder, e sentir as lágrimas escorrendo pela bochecha.
Eu gosto do cuidado de abrir um envelope de uma carta querida.
Eu gosto da sorte de achar um gomo de mexerica sem semente.
Eu gosto de me esquentar com o sol ameno do inverno.
Eu gosto de afundar os ouvidos na banheira e ouvir meu coração bater.
Eu gosto do som dos passarinhos depois que a chuva passa.
Eu gosto dos seus olhos.

Eu gosto muito mais de quando os acho em mim.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Coragem

Eu não consigo falar tudo que quero.
Pra quem quero.
Porque desde sempre eu vejo as pessoas sentindo mais prazer em controlar alguém, gostando mais da submissão, do que do amor.
Talvez seja porque a submissão pode ser eterna, o amor não.
Então é mais fácil achar alguém disposto a te machucar do que te amar.
Porque ter e jogar fora alguém, dá uma puta sensação de poder.
Dá uma superioridade, deve até dar tesão.
Eu não sei, nunca iria saber.
Tudo vira um jogo, uma maldita competição.
Quem está mandando em quem?
E tem muita gente que fica se mandando mutuamente.
Ao invés de se amar.

Nunca quis isso.
Essa competição.
Porque quando eu me interesso por alguém, eu me entrego.
Eu corro em direção. Eu pulo. Eu fecho os olhos.
E é por causa dessas pessoas que eu levo um capote.
Quase sempre.

Eu acho que as pessoas tem medo de quem sai correndo.
E pula de olhos fechados.
E é nessas horas que eu me acho corajosa.
Mas aí eu lembro que não consigo falar tudo que quero.
Pra quem quero.


Porque os capotes doem.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Em voz alta

Parei pra ouvir uma música que tinham me indicado.
Gostei dos primeiros acordes da música de cara, como raramente acontece. Parecia ser exatamente o ritmo que eu queria ouvir naquele momento, não era muito agitado, mas tinha os sons fortes. Fui achando a letra interessante e o clipe era gostoso de ver. Aí tocou o refrão pela primeira vez. Eu estava completamente submersa no ritmo da música quando o refrão veio, colocando tudo que se passava na minha cabeça em versos. Meus olhos arderam e minha garganta ficou apertada. Dali pra frente todas as frases da música se tornaram pessoais. A música não era sobre mim, mas era exatamente sobre o que eu estava sentindo naquele momento. O ritmo estava certo, a letra estava certa e o clipe também.
Me senti desarmada. Tinha alguém falando em voz alta o que se passava na minha cabeça.
Em seguida, me senti aconchegada. Tinha alguém falando em voz alta o que se passava na minha cabeça.

Esse tipo de identificação com uma música chega a ser assustador.
Acho que a gente sempre procura se identificar com algo, o tempo todo, mas não deixa de ser assustador se sentir desarmado assim frente à versos.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Assistir o tempo passar

O céu estava amarelo e as nuvens mal se moviam.
Dois carros entravam em suas casas, vizinhas, ao mesmo tempo. Fizeram a curva no mesmo ângulo e esperavam o portão abrir durante o mesmo tempo. Aceleraram juntos e chegaram ao fundo da garagem no mesmo instante. Sem nada disso ser combinado.
O céu ainda estava amarelo.
Minha respiração embaçava o vidro onde eu me apoiava com a testa.

E o céu amarelo.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Aposta

Num universo paralelo eu te falei sobre a minha aposta com as estrelas.
E você fez cumprir a parte delas.
Ganhei um beijo seu.
Inteirinho, só meu.

O que aconteceu depois eu não sei.
Deixo no universo paralelo mesmo.
Não quero saber se deu certo ou errado
Quero só dormir pensando que lá
Eu tinha ganhado um beijo seu.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Dois mil e treze

2013 foi um ano de sentimentos muito confusos.
Vivi a maior parte do ano na minha cidade favorita.
Tive que deixá-la.
Tive muita vontade de voltar pro Brasil.
Tive muita vontade de voltar pra Inglaterra.
Senti saudade de algum lugar ou alguém todos os dias do ano.
Vi meu segundo sobrinho nascer e meu coração se expandir de amor.
Vi meu primeiro sobrinho começar a falar e dizer meu nome.
Tive meu coração partido, e juro que pareceu quase literal.
Desfiz meus planos.
Fiz novos planos.
Refiz meu coração.
Cheguei até a pensar em outras pessoas.
Viajei muito.
Estudei muito.
Não trabalhei nada.
Tive férias enormes.
Criei laços fortes com pessoas que agora são parte dos meus pensamentos diários.
Me tatuei de novo, e não pela última vez.
Engordei bastante.
Tive perdas.
Mas com certeza tive mais ganhos.
Briguei muito.
Discuti muito.
Mas com certeza dei muito mais abraços.
E com certeza dei os abraços mais significativos da minha vida.
Realizei sonhos e guardei uns pro futuro.
Sonhei ainda mais.
Estou bem.

E pra 2014 eu quero felicidade absoluta.