segunda-feira, 26 de julho de 2010

Evolucionismo x Criacionismo

Esse título me convenceu a ir a uma palestra tosca. Espero que convença alguém a ler esse post revoltado.

Eu realmente achava que os criacionistas elaboravam teorias que pareceriam lógicas, eu achava que, no final das contas, a única parte obviamente ilógica da teoria deles seria Deus por conta de tudo. Como eu os superestimava.
Na última sexta-feira fui a uma palestra sobre criacionismo. Na verdade eu achava que seria uma palestra de discussão sobre a tal polêmica entre evolucionismo e criacionismo, mas foi uma argumentação unilateral ridícula. Aliás, aquilo não é argumentar, aquilo é falar asneiras baseadas em mentiras para um monte de asnos ouvirem. E, eventualmente, três evolucionistas. O palestrante era um teólogo presbiteriano, ele reapresentou a sua tese de mestrado baseada no discurso científico. Basicamente ele explicou que toda divulgação científica para leigos é tendenciosa, porque quem a divulga esta de um lado da briga ExC. Ignorando, é claro, o fato de que até os gestos e as expressões faciais dele eram tendenciosas. O que não é falha de argumentação, a não ser que você aponte como uma e acabe fazendo papel de idiota. Mas esse não foi o principal problema. O coração começou a acelerar mesmo quando ele subestimou o público e começou a apresentar argumentos sem fundamento algum. Citou livros e mais livros que ele nunca leu, criticou uma teoria que ele nunca estudou, omitiu qualquer detalhe irrelevante aos olhos dele e deu a força de um peteleco aos argumentos dos criacionistas ali presentes. Com uma planilha de Excel ele provou várias coisas, menos as que ele queria. Eu ainda não sei se ele foi muito espertinho, por ter convencido aqueles ingênuos crentes, ou se ele é tão ingênuo quanto eles. O que eu sei é que ele tentou provar que 8 + 2 são 10 então, segundo seus estudos, a Terra só poderia ter a população que tem se a arca de Noé tiver existido. Segundo a teoria da evolução a Terra teria um número que nem cabe no Excel, porque tem mais de 30 dígitos, e a seleção natural é algo a ser ignorado, se não os cálculos dele dão errado.
Ah é, essa última parte ele não disse lá. Aliás, eu nem sei se ele sabe do que se trata a seleção natural, ele não estudou isso pra palestra.

Eu não vi a palestra de um estudioso, eu vi a palestra de um fanático religioso, por mais que ele não goste desse título.

OBS.: é particularmente engraçado ver o Microsoft Word grifar de vermelho as palavras “criacionismo” e “criacionista”.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Meu espaço

Inspirada pelo post da Malu, do blog Coisas não-ditas, eu tive um flashback.
Quando eu era criança, achava legal ter um espaço só pra mim. Eu amava o meu quarto, mas eu precisava de um lugar só meu mesmo, onde só eu entrasse. Sempre sonhei em ter uma casa na árvore, pequenininha, simples. Uma vez ganhei uma barraca da Mônica, era de tecido com uma armação de madeira. Mas, sei lá, não foi o suficiente, não sei se era por ser de pano ou por ser móvel, mas não deu a sensação que eu queria.
Acho que só consegui fazer uma barraquinha legal uma vez. Eu fiz uma bagunça com os sofás e alguns cobertores, armei um buraquinho onde só cabia eu e algumas coisas. Levei pra lá água, um pacote de bolacha, bichinhos de pelúcia e coisas pra dormir. Disse pros meus pais que dormiria lá. Não era muito cômodo, mas era o meu espaço. É lógico que no dia seguinte eu acordei na minha cama e aquilo tudo tinha sido desmontado, mas a sensação valeu a pena. Tanto que me lembro até hoje.
Eu achava que essa busca de criança por um espacinho próprio era coisa minha. Até eu assistir Onde vivem os monstros. Esse filme entrou pela minha mente e pela minha pele, mexeu com os meus sentidos e os meus sentimentos, buscou a minha infância lá no fundo e aflorou em lágrimas e uma nostalgia que durou uns dois dias.
Num certo momento do filme, quando o Max e os seus monstros já construíram um castelo enorme, com tudo que tivesse direito, ele sentiu falta de um espaço só dele. Aí ele pede pra um dos monstros fazer um buraquinho na parede, fundo, mas bem pequenininho, onde só coubesse ele. Acho que nesse instante eu devo ter ficado em posição fetal, tamanha a regressão na minha mente.

Só as crianças que já sentiram isso sabem do que eu estou falando.

Eu não sei explicar o porque disso. Talvez seja a sensação de esticar o braço e encostar a mão, talvez seja mais aconchegante, ou então pelo fato de só caber você.
Talvez os psicólogos saibam explicar, ou as topeiras, ou os cachorros com suas casinhas pra dormir. Eu não sei.
Mas até hoje eu gostaria de ter um lugarzinho desse pra fugir e ficar sozinha com os meus pensamentos de vez em quando. Um lugar sem janela, com uma entrada pequena, onde ninguém possa ver se estou sorrindo ou chorando, ou possa escutar se estou cantando ou falando sozinha em inglês, onde eu posso abraçar as pernas e ficar pensando por horas.