terça-feira, 23 de agosto de 2011

Procurando o caderno

Eu não sei se isso foi distração ou um estado inconsciente de procrastinação, só sei que eu queria anotar uma receita.

Vim procurar a receita na internet e vi que estava sem o caderno de receitas.
Fui procurá-lo na cozinha e resolvi tirar as coisas da mesa e colocar na geladeira.
Voltei pra procurar no quarto e achei umas imagens que eu queria colocar na montagem que faço embaixo do vidro da minha mesa de trabalho.
Tentei organizar as coisas pra colocar as imagens na montagem, mas pensei que ia demorar muito.
Desisti e voltei a procurar o caderno.
Olhei pro jornal e lembrei que tinha tirinhas pra recortar.
Recortei tirinhas de dois dias do jornal e lembrei que eu precisava fazer outra coisa.
Não consegui lembrar imediatamente o que era, achei que fosse algo do estágio.
Sentei em frente ao laptop pra começar a fazer o que eu achava que tinha que fazer e lembrei o que era que eu realmente queria fazer.
Fui procurar o caderno de receitas no outro quarto.
Achei o caderno com uma caixa de baralho em cima.
O baralho estava bagunçado, resolvi conferir se tinha perdido alguma carta.
Sentei na cama e conferi o baralho todo.
Realmente estava faltando um rei de copas.
Comecei a pensar nessa mistura toda de distração e procrastinação que tinha acabado de acontecer e resolvi falar sobre isso aqui no blog.

Ainda não anotei a receita.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Volta pra casa

- O que você viu enquanto voltava para casa?
- Como assim?
- O que você viu no caminho?
- Nada.
- Nada?
- É, nada.
- Impossível.
- Como assim? O que você quer saber?
- Você viu algum poste?
- Lógico.
- Quantos?
- Ah! Vou saber...
- Mas então você viu alguma coisa.
- Ué, vi.
- Então?
- Nada.
- Nada?
- Ué, nada! O que você quer?
- O que você viu?
- Vi três meninos batendo figurinha na porta do colégio; vi um restaurante que chamava “Nosso Lar”, me perguntei se o dono seria espírita; vi muita gente com roupa de ginástica na porta de uma academia; vi dois caras falando de um jogo de futebol; vi um carro de auto escola com a instrutora explicando algo sobre rotatórias para o aluno; vi um cara fazendo baliza; vi um cruzamento que tinha todas as esquinas chanfradas, pensei nas aulas de urbanismo; vi uma cadela no cio deitada no meio da rua com cinco outros cachorros em volta dela, e os carros desviando de todos eles; vi uma casa amarela que tem uma arquitetura bonita, diferente; passei por uma casa que tinha dois cachorros velhos, um pequeno e um grande, que não estavam mais lá, me perguntei se eles haviam morrido; passei por uma outra casa que tinha um Pit Bull vira-lata que abanava o rabo pra mim, mas ele não estava lá; e passei por outra que tem um Poodle preto que sempre late muito, mas ele estava dormindo; passei por uma mãe com uma criança levando o cachorro pra passear, o tênis da menina piscava e eu me perguntei o que será que o cachorro achava daquilo; passei por uma meleca amarela no chão que parecia mostarda velha; passei por um ferro-velho que tem uma placa de “Cuidado com o cão”, mas nunca tem cachorro nenhum lá; passei por uma moça perguntando pra vizinha se o controle que ela tinha achado mais cedo no quebra-molas era dela – não era; passei por um muro escrito “vende-se” e dois números de celulares embaixo, um começava com 88 e o outro com 91... mas, sei lá! Não reparo muito nessas coisas!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Orgulho Hétero

Eu juro que às vezes sinto muita vergonha de ser tão Homo sapiens quanto qualquer hétero retardado.
Mais pra frente, nos livros de história, haverão registros dos dois maiores marcos de preconceito no mundo: o dia da criação do partido Nazista e o dia em que foi inventado o Orgulho Hétero.

Ei você, hétero retardado e orgulhoso disso, qual é o seu problema? Sério, qual é o seu problema? Você acha que é doença? Você tem nojo? Tem algum homossexual encostando em você? Você está sofrendo assédio? Você acha que é errado? Acha que não é de Deus? Acha que é contagioso? Te afeta em algum segundo da sua vidinha medíocre?
O orgulho gay só existe porque eles precisam de um dia pra respirar com alívio, sem a pressão de vocês.
Eles precisam de um dia pra ver que existe alguém do lado deles.
Eles precisam de um dia pra poder segurar na mão do companheiro sem temer nada.
Eles precisam de um dia pra agir com naturalidade.
Eles precisam de um dia pra falar o que pensam.
Eles precisam de um dia pra desabafar.
Eles precisam de um dia pra beijar na boca.
Eles precisam desse dia porque pra muitos deles é só esse dia que eles tem.

Vocês não sabem o que é ser julgado por amar outra pessoa.
Vocês não imaginam como é crescer num ambiente que te convence de que você tem algo errado.

Já ouvi muita gente dizer que tem pena de quem é homossexual, por causa dos problemas que vai enfrentar na vida. Pra mim, já começou aí o problema, com esse tipo de sentimento. Já está pré determinado que é algo, no mínimo, diferente. Por quê? É tão natural, é tão simples.
Você não vê problema nenhum em explicar pro seu filho o mito de um homem pregado numa cruz, com espinhos na testa e escorrendo sangue, mas acha o cúmulo ter que explicar pra ele porque dois homens estão de mãos dadas.

Sinceramente, enfie esse orgulho aonde você tem mais medo que te aconteça alguma coisa.
Tenha é vergonha de falar em voz alta sobre como a sua vida é fácil.

Esse post é dedicado com todo o meu ódio para todo e qualquer hétero homofóbico do planeta.