terça-feira, 25 de outubro de 2011

Trânsito

Eu odeio dirigir.
Eu gosto de ter carteira, de ter um carro disponível, gosto da prática e da independência que isso me proporciona. Mas eu odeio dirigir.
Eu odeio dirigir porque o trânsito faz transparecer todas as falhas e os podres da sociedade. Ou você acha que uma pessoa que acelera pra passar correndo no sinal vermelho é um bom cidadão? Você acha que o motoqueiro que fica olhando o semáforo alheio amarelar pra sair antes do dele esverdear pode ser uma pessoa que tem um mínimo de consciência social? Acha que são racionais aquelas pessoas que buzinam quando o trânsito está parado? Que tipo de atitude você espera de alguém que dirige embriagado?
Isso pode ir longe.
E se você acha que são apenas os motoristas que me irritam, se engana muito. Eu tenho vontade de gritar pela janela do carro quando os pedestres afunilam o caminho, pela pressa de atravessar. Um dia eu ainda vou denunciar aquela mãe que coloca o carrinho de bebê na frente dela pra atravessar a rua. E tudo isso fora da faixa de pedestre, óbvio. No Brasil o conceito de faixa de pedestre não pegou. Os motoristas não entendem e os pedestres muito menos.

Esse trânsito fica cuspindo na minha cara a sociedadezinha medíocre em que eu vivo. Ele mostra que não basta você fazer a sua parte, se tiver outra pessoa por perto fazendo errado o seu esforço é anulado. Quem está fazendo errado vai sempre conseguir o que quer. E, se não conseguir, os dois lados sofrem as consequências.
E isso não é o puro reflexo de tudo que se passa no Brasil?

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Geração Coca Cola?

Eu estou na geração dos laptops, palmtops, Ipads, Ipods, smartphones, touchscreen pra cá, touchscreen pra lá.
Tenho vergonha dessa geração. É a geração dos folgados. Estamos cada vez chegando mais perto daqueles seres humanos do filme Wall-E. Aliás, esse filme é um tapa na cara da nossa geração que quase ninguém entendeu, porque não fez diferença em ninguém. Mas isso é característica dessa geração: um monte de críticas que todo mundo acha "genial" e não faz nada.
Cada um cria sua mini-revolução em blogs (cá estou eu!), Twitter, Facebook, correntes de e-mail, assinaturas on-line, e nada concreto.
Eu vejo coisas daquela época (não muito distante) que todo mundo ia pra rua pra gritar por alguma coisa, ou ia falar em público pra um monte de gente ouvir, ou ainda iam fazer bagunça perto de gente importante pra ver se fazia alguma diferença, e eu sinto muita inveja. Não sei se tinha muito efeito, talvez tivesse tanto efeito quanto as mini-revoluções internautas de agora, mas eu sei que precisava de muito mais coragem, precisava ter peito, dar a cara a tapa. Porque se algo desse errado você seria repreendido, espancado ou preso. Agora, na internet, se algo acontecer você vai simplesmente perder a sua conta em determinado site.
Eu queria muito sentir isso que essa geração anterior sentia, sentir essa vontade de lutar por alguma coisa, ter um ideal que parecesse realmente digno. Mas nada desperta essa sensação em mim. Nada.
Eu me revolto com muitas coisas, eu tenho vontade de corrigir muitos erros do mundo, mas acho que a gente estuda tantas pessoas que tentaram fazer algo e deram com a cara na parede, tantas revoluções que não deram em nada, tantos poderosos driblando os esforços de trazer paz ao mundo, que simplesmente não dá vontade.
Os poucos que tem vontade de fazer alguma coisa são ofuscados pelos muitos que estão realmente preocupados com o dinheiro, e nada mais.
Assim não dá.

Essa geração é Pepsi.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Toxicity


Tinha uma época que eu juntava minha mesada só pra comprar CD. Eu adorava e fazia questão de ter os meus CDs favoritos, originais.
Eu já conhecia System of a Down por causa do meu irmão. Lembro bem de andar pelas ruas de Botelhos e dele botar o CD pra tocar bem alto, a gente ficava tentando entender a letra da música juntos.


Aí um dia eu fui no supermercado e achei, dando sopa, o Toxicity. A capa daquele CD me arrepiava, achava lindo aquele letreiro hollywoodiano e aquela foto amarelada.
Aí eu comprei imediatamente. Voltei logo pra casa e fui ouvir.
Você já passou por isso? Colocar pra tocar um álbum que você já conhece inteiro, mas ficar lá só pra isso, tirar um pedaço dos eu dia só pra ouvi-lo inteiro novamente?
Eu fiz isso. Fiquei sentada no chão, na frente do aparelho de som do meu quarto, coloquei pra tocar no máximo, fechei a porta do quarto.
Sabe aquele impacto da primeira música, Prison Song? Impacto mesmo, ela bate no peito, vibra tudo em volta. Ela anuncia o álbum todo que está por vir.


Então, imagine isso ao vivo.


01 de outubro de 2011