terça-feira, 20 de julho de 2010

Meu espaço

Inspirada pelo post da Malu, do blog Coisas não-ditas, eu tive um flashback.
Quando eu era criança, achava legal ter um espaço só pra mim. Eu amava o meu quarto, mas eu precisava de um lugar só meu mesmo, onde só eu entrasse. Sempre sonhei em ter uma casa na árvore, pequenininha, simples. Uma vez ganhei uma barraca da Mônica, era de tecido com uma armação de madeira. Mas, sei lá, não foi o suficiente, não sei se era por ser de pano ou por ser móvel, mas não deu a sensação que eu queria.
Acho que só consegui fazer uma barraquinha legal uma vez. Eu fiz uma bagunça com os sofás e alguns cobertores, armei um buraquinho onde só cabia eu e algumas coisas. Levei pra lá água, um pacote de bolacha, bichinhos de pelúcia e coisas pra dormir. Disse pros meus pais que dormiria lá. Não era muito cômodo, mas era o meu espaço. É lógico que no dia seguinte eu acordei na minha cama e aquilo tudo tinha sido desmontado, mas a sensação valeu a pena. Tanto que me lembro até hoje.
Eu achava que essa busca de criança por um espacinho próprio era coisa minha. Até eu assistir Onde vivem os monstros. Esse filme entrou pela minha mente e pela minha pele, mexeu com os meus sentidos e os meus sentimentos, buscou a minha infância lá no fundo e aflorou em lágrimas e uma nostalgia que durou uns dois dias.
Num certo momento do filme, quando o Max e os seus monstros já construíram um castelo enorme, com tudo que tivesse direito, ele sentiu falta de um espaço só dele. Aí ele pede pra um dos monstros fazer um buraquinho na parede, fundo, mas bem pequenininho, onde só coubesse ele. Acho que nesse instante eu devo ter ficado em posição fetal, tamanha a regressão na minha mente.

Só as crianças que já sentiram isso sabem do que eu estou falando.

Eu não sei explicar o porque disso. Talvez seja a sensação de esticar o braço e encostar a mão, talvez seja mais aconchegante, ou então pelo fato de só caber você.
Talvez os psicólogos saibam explicar, ou as topeiras, ou os cachorros com suas casinhas pra dormir. Eu não sei.
Mas até hoje eu gostaria de ter um lugarzinho desse pra fugir e ficar sozinha com os meus pensamentos de vez em quando. Um lugar sem janela, com uma entrada pequena, onde ninguém possa ver se estou sorrindo ou chorando, ou possa escutar se estou cantando ou falando sozinha em inglês, onde eu posso abraçar as pernas e ficar pensando por horas.

3 comentários:

Malu disse...

Chorei, tô no seu blog. hahahaha

Acho que, sozinha, a gente tem um excesso de criatividade. Criatividade pra tudo: pra imaginar, pra trabalho, pra compor uma musica...enfim, tudo.
Eu a acho um tipo de momento pacífico que a gente encontra o que queremos ver ou pensar.
É o melhor momento pra nos aproximarmos de nós mesmos, sentirmos o que é verdadeiro e o que estava abafado por muito tempo.

E no meu caso, eu abafafa a dor.

Rodrigo Fernandes disse...

Bem bacana o texto. Eu gosto desses aromas de nostalgia. Acho que todos, temos nossos lugares favoritos, mentais ou literais, pra onde a genta acaba voltando um dia. Acho, aliás, que muita gente cria blogs pra isso, pra ir (ou voltar) para algum lugar. Você fez isso agora, com esse texto.

Nara disse...

Linda lembrança, Lulinha! Tenho certeza que vc tinha 04 anos!
hehehe