terça-feira, 21 de julho de 2009

Mind the gap


Quando conto de Londres e mostro as fotos, todo mundo fala o que eu pensei na hora: parece cenário de filme.
Porque todo mundo já ouviu falar dos ônibus vermelhos de dois andares, mas ninguém imagina que aquele é o circular que todo mundo usa pra ir trabalhar. Todo mundo sabe que tem aquela cabine telefônica lindinha, mas ninguém imagina que são todas assim e que têm colado em seu interior propagandas de prostitutas.
Através de fotos e filmes, eu já conhecia muito de Londres. Mas estar lá, respirar aquele ar que é puro, encostar em tudo para ver que é mesmo real, ouvir crianças, jovens e velhos falando com aquele sotaque delicioso, é mágico.
A educação e a preocupação dos britânicos com os turistas e estrangeiros é inacreditável.
Mind the gap. Look left. Keep right. Push the button and wait for the signal. Way out. Fire exit. Please, order at the bar. You are here. "No problem". "She's friendly, you know".
Me disseram que eles eram frios e antipáticos. Talvez até sejam com quem mora lá, mas eu, como turista, que só dei uma passadinha e fiz algumas perguntinhas, me apaixonei pelo povo britânico. Simpáticos, amigáveis, gentis, educados (de uma forma que os brasileiros não imaginam), interessantes, preocupados e apaixonantes. Mas o melhor de tudo e ver a diversidade. Isso até pode ser observado no Brasil, mas não falo só da diversidade de raça, origem, cor, estatura. Lá a diversidade mais notável é a de estilo. Você vê gente com a roupa mais conservadora do mundo, parece que foi comprar roupa no museu, e ao lado um punk de cabelo verde. Você vê gente despojada a ponto de duvidar se aquela pessoa tem espelhos em casa, e ao lado um executivo com sua maleta e o braço todo tatuado. A ausência quase total de preconceito é fascinante. Lá eles simplesmente entendem o óbvio: a cor do cabelo, o número de piercings ou tatuagens, as roupas, o estilo, não interferem no caráter e na habilidade de alguma pessoa. É óbvio... utópico!
Falar mal da mãe de um britânico pode não ofendê-lo tanto, mas falar mal da Rainha pode ser pior que briga de hooligan. É muito bonito e tocante o amor dos britânicos por aquela senhorinha simpática.
Ah, e as casas! Em sua maioria sobradinhos de tijolo à vista, com portas coloridas de dormente branco, e janelinhas brancas. Escadas à frente da porta principal e escadas ao lado, para descer ao porão ou à outra casa. Chaminés de calefação. Quarteirões de casas iguais e lindas. Pouca diferença na arquitetura, estilo sempre parecido e um padrão apaixonante.
Londres respira tradição. Londres cheira à diversidade. Londres exala respeito.
E o ar é puro, e o Tâmisa é limpo e cheiroso, e as ruas são utopicamente limpas... e tudo vai ficar gravado como um curta-metragem na minha vida.

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