terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O homem grosseiro

Ele tinha os dedos tão grosseiros e uma falta de delicadeza nos movimentos, que não conseguia tirar um copo do saco plástico para beber água. Passou minutos sem conseguir puxar um copo, pensei em sugerir que ele bebesse na própria mão, mas seus dedos grosseiros não formariam a concha adequada, haveriam vãos. Enfim, ele fez uma força inadequada e amassou todos os copos, mas conseguiu tirar o seu. Já irritado, tomou um gole d'água com má vontade, no copo rachado. Parecia que engolia serragem. Toda esta grosseria se refletia no ser. O cabelo era branco, meio pintado, bagunçado, mas com uma intenção de penteado, coisa de quem saiu de casa apressado. Vestia um casaco enorme, que parecia ter preguiça de tirar, pois estava quente, ele certamente sentia calor. O tênis era velho, ameaçando vazar o dedão na frente, e o calcanhar ficava de fora, com a meia preta aparecendo. Aquele sapato não servia mais. Talvez faltasse dinheiro pra comprar um novo, não sei, mas a condição do sapato fazia a renovação de carteira parecer fútil e desnecesária.


Também escrito nas costas de um gabarito da auto escola.

O que te lembra

Amarelo. Estrela. Sol. Calor. Piscina. Água. Sede. Fome. Comida. Prato. Faca. Arma. Revólver. Bala. Doce. Cárie. Dentista. Médico. Faculdade. Diploma. Papel. Árvore. Natureza. Terra. Minhoca. Formiga. Picada. Coceira. Unha. Esmalte. Tinta. Cor. Amarelo.

Esse é um exemplo extremamente sucinto de uma brincadeira que se chama "O que te lembra...?", que aprendi com a minha prima e brincávamos em longas viagens de carro. Começa a brincadeira com uma palavra qualquer (amarelo, por exemplo), e aí se diz o que esta palavra te lembra, a primeira coisa que vier à mente. E por aí as associações são feitas, independentes da palavra anterior.
Como prato lembra faca e faca lembra arma, mas prato e arma não tem nada a ver um com o outro.
E a brincadeira só termina quando voltar à palavra que se iniciou.
As associações dessa brincadeira são realmente fantásticas e a volta que dá é interessante.


Só quis dividir.
Breve momento de nostalgia.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Uma tarde na auto escola

Numa tarde, fazendo simulados do Detran, eu esgotei as possibilidades do que fazer e comecei a escrever atrás dos gabaritos.
Produtos do tédio.
Como este.

Estou apoiando o papel num livreto de simulados, do qual já fiz todos. Dá pra diferenciar o tamanho do texto que escrevo pelo número de voltas que eu tenho que dar na espiral depois para voltá-la ao lugar. A cada linha, eu vou desenrolando parte da espiral com o braço que apoio para escrever. Quando o texto é pequeno, como este, dou poucas voltas.

4 voltas.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Votos de fim de ano

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim
Mas se for, saiba ser sem se desesperar
Desejo também que tenha amigos
Que mesmo maus e inconseqüentes
Sejam corajosos e fiéis
E que pelo menos em um deles
Você possa confiar sem duvidar

E porque a vida é assim
Desejo ainda que você tenha inimigos
Nem muitos, nem poucos
Mas na medida exata para que
Algumas vezes você se interpele
A respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles
Haja pelo menos um que seja justo

Desejo depois, que você seja útil
Mas não insubstituível
E que nos maus momentos
Quando não restar mais nada
Essa utilidade seja suficiente
Para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante
Não com os que erram pouco
Porque isso é fácil
Mas com os que erram muito e irremediavelmente
E que fazendo bom uso dessa tolerância
Você sirva de exemplo aos outros

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais
E que sendo maduro
Não insista em rejuvenescer
E que sendo velho
Não se dedique ao desespero
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor

Desejo, por sinal, que você seja triste
Não o ano todo, mas apenas um dia
Mas que nesse dia
Descubra que o riso diário é bom
O riso habitual é insosso
E o riso constante é insano.

Desejo que você descubra
Com o máximo de urgência
Acima e a respeito de tudo
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes
E que estão bem à sua volta
Desejo ainda
Que você afague um gato, alimente um cuco
E ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque assim, você se sentirá bem por nada

Desejo também
Que você plante uma semente, por menor que seja
E acompanhe o seu crescimento
Para que você saiba
De quantas muitas vidas é feita uma árvore

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro
Porque é preciso ser prático
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele na sua frente e diga:
"Isso é meu"
Só para que fique bem claro
Quem é o dono de quem

Desejo também
Que nenhum de seus afetos morra
Por eles e por você
Mas que se morrer
Você possa chorar sem se lamentar
E sofrer sem se culpar

Desejo por fim
Que você sendo homem, tenha uma boa mulher
E que sendo mulher, tenha um bom homem
Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
E quando estiverem exaustos e sorridentes
Ainda haja amor pra recomeçar

E se tudo isso acontecer
Não tenho mais nada a lhe desejar

Victor Hugo

Só pra ter algo bonitinho pra dizer para quem quer que seja que entre neste blog.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Tédio

O tédio não é uma boa fonte de inspiração. Pelo contrário, o tédio só dá mais vontade de escorrer num sofá e dormir a tarde toda.
Mas o tédio forçado é interessante. Ser obrigado a ficar num lugar, sem fazer nada, por muito tempo, acaba te forçando a reparar em alguma coisa, ou a elaborar qualquer pensamento que tenha sido abandonado no meio do caminho.
Ou também, pode provocar o sono daqueles mais preguiçosos, que vivem procurando uma oportunidade de cochilar.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

CNH

Estou com siglas, leis e regras inúmeras na mente.
Cada aula que assisto, cada simulado que faço, fico mais indignada com tudo.

É impressionante como eles fazem questão de deixar a gente saber de todas as leis, todas as regras, todas as punições que nunca são aplicadas!
É como se quisessem mostrar pra gente que tem algo de errado, mas são eles os errados, então eu só fico indignada.

E quanto a isso, o que posso fazer? Ir cutucar um policial toda vez que eu presenciar alguma atitude errada? Ficar EU checando as infrações pra poder ir cobrar alguém disso depois?
Não. Eu me contento em amaldiçoar aqueles que ousam acelerar enquanto estou na faixa de pedestres, em mandar pro inferno aquele que faz graça inconsequentemente. E só.

Já pensei em ficar filmando o principal cruzamento aqui de Poços durante um tempo, ou voltando lá vários dias, pra poder flagrar várias infrações. Mas isso seria pior pra mim, acredito eu.

Não é a toa que qualquer um fica impressionado com a educação dos europeus.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Papai Noel dos correios

Em meio há tantas cartas pedindo por skates e Barbies, haviam algumas tocantes.
Algumas pediam cesta básica, porque a vontade de comer era maior que a vontade de ter qualquer brinquedo. Uma que eu escolhi pedia livros, porque queria ser incentivada a leitura.
Mas fui tocada por uma específica, que só vi quando fui levar os presentes que comprei.
Quando eu estava deixando as sacolas eu vi uma cartinha diferente, aí peguei na mão pra ler.
Era uma carta em braille, que pedia uma máquina de escrever em braille porque aquela era emprestada.

Nessas horas eu tenho ódio de mim mesma, de reclamar de qualquer coisa na minha vida.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Alain de Botton

Uma boa parte das conversas sociais resume-se a uma avaliação dos diferentes modos como terceiros ausentes se afastaram de um ideal implícito de comportamento ou, o que é menos comum, como agem de acordo com ele.

... o desenho tem uma profunda delicadeza sem ser sentimental, como um sorriso se abrindo no rosto de uma criança.

A diversidade de estilos é uma consequência natural da multiplicidade das nossas necessidades interiores.

Uma consequência desconcertante de fixar os olhos num ideal é que ele pode nos entristecer.

É talvez quando nossas vidas estão mais problemáticas que tendemos a ser mais receptivos às coisas belas.

O que buscamos, no nível mais profundo, é parecer com os objetos e lugares que nos tocam pela sua beleza, mais do que possuí-los fisicamente.

Arquitetura da Felicidade - Alain de Botton

Não li por ler.
O fichamento foi além dos pontos.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Almost there

Ah, não gosto de ficar sem postar nada.

Porque não é que eu esteja sem assunto pra postar, muito pelo contrário, tá tudo fervendo aqui na minha mente. Eu só não tenho tempo.

Porque qualquer texto leva um pouquinho de tempo, afinal, eu não posto sem dar uma desenvolvida, né?

Bom, estou nas últimas semanas de aula. Enquanto todo o resto da faculdade faz provas, cá estou eu (e todo o resto da galera da Arquitetura) fazendo maquetes, projetos, desenhos, calendários, cartazes, exposições, fichamentos, pesquisas... e provas também.

Não acho ruim. Estou apaixonada pelo meu curso.

Eu só to tentando justificar, a mim mesma, esse descaso com o blog.


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Thank You

And so today, my world, it smiles.
Your hand in mine, we walk the miles.
Thanks to you it will be done, for you to me are the only one.
Happiness, no more be sad. Happiness. I'm glad.
If the sun refused to shine, I would still be loving you.
When mountains crumble to the sea, there will still be you and me.

Led Zeppelin


Sinto como se algumas músicas tirassem as palavras de dentro do meu peito.
E tem algo que ainda não foi dito?

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Externo

As pessoas em volta comentavam de seus próprios "defeitos". Eram características tão peculiares que pareciam feias, mas eram apenas diferentes. E belas, ao seu modo.
Eu então comecei a reparar em coisas peculiares em mim, comecei a achar feio.
Ainda assim, eu não me importava tanto. Mas também não passava imune pelo espelho, ia checar as tais peculiaridades que, então, começaram a me incomodar.
Pensei em maneiras de mudá-las. Maneiras de perder tais características. Maneiras de parecer mais com todo mundo.
Na época eu não enxergava o quão besta era isso. Ainda bem que não executei nenhum plano de mudança e continuo com a minha cara.
Comecei a pensar mais nisso quando reparei que todo mundo que usa aparelho, até o fim do tratamento, fica com o sorriso parecido.
O sorriso é algo autêntico, que não dá pra forçar ou imitar. Ter o seu sorriso diferente do de todo mundo é mais interessante.
Mas eu só parei de querer mudar as coisas em mim e comecei a aceitar essas minhas peculiaridades no final do ano passado.
Quando fui me formar no 3º ano, passei o dia num salão, me adequando ao que eu queria parecer naquela noite. Na hora de fazer a maquiagem eu ficava o tempo todo de olhos fechados. Foi um processo longo. Quando acabou a primeira parte e a minha maquiadora foi buscar alguma coisa, eu levantei a cabeça e me olhei no espelho. Eu parecia uma boneca de porcelana e, incrivelmente, eu estava sem olheiras. Ela havia apagado completamente as minhas olheiras. Me achei um monstro branco. Quando ela voltou eu estava aflita, mas resolvi que iria esperar para ver o resultado. Quando fui me olhar no final, eu estava com um leve sombreado embaixo dos olhos. Ela também tinha percebido o quanto eu ficaria descaracterizada e esquisita sem aquelas olheiras, e então levemente sombreou para eu continuar parecendo a Luiza.
E nesse dia eu comecei a me dar bem com as minhas olheiras. Elas fazem parte da composição do meu rosto. Não interessa se é bonito ou feio. É meu. E ninguém nunca terá o mesmo olhar que eu.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

You

The things you say.
The things you remember.
The things you show me.
The things you explain me.
The things that make you think about me.
The things that make me think about you.
The things you see on me.
The things I see on you.
The things we see together.
The things we do together.
The things we feel together.
The things we agree.
The few things we disagree.
The things we talk.
The things you do.
The things you choose.
The things you're shy about.
The things you're proud about.
The way you understand things.

The things we have.
This thing we have.

It's just perfect.
With you, everything is.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Deprê

Quando eu tô assim sinto vontade de deletar o blog.
Mas eu me seguro.
Só queria saber se vale a pena eu me segurar.
Afinal, quem quer saber das inutilidades que escrevo aqui?
Quem quer saber da minha vontade de deletar o blog quando to deprê?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Erotismo

Novo dicionário Aurélio
erótico
1. Relativo ao amor.
2. Inspirado pelo amor; que tem o caráter de lirismo amoroso;
3. Inspirado ou provocado pelo erotismo;
4. Sensual, lascivo.

O sentido de erótico mudou. Erótico nunca foi essa coisa vulgar e explícita. Isso é pornô.
Erótico é um decote discreto, que não mostre tudo, para instigar a imaginação. Erótico é ver o vulto da prima, trocando de roupa.
Erotismo é a insinuação, é instigar a mente e provocar a curiosidade.
Erotismo tem a ver com a intimidade do sentimento, e não com essa efemeridade dos encontros de balada.
Nas últimas décadas o erotismo foi perdido. Tudo virou pornô.
Cada vez mais cedo os garotos querem se exibir na webcam para alguma desconhecida. E as garotas lotam o orkut de fotos com mais peito do que rosto, mais pose que personalidade. Quanto mais aparecer, melhor. Decotes acentuados e barriga encolhida.

E às vezes alguém ousa dizer que estas fotos, sem erotismo algum, são arte.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Top 10 - Vol. II

Sim, nesta ordem.

1. Te abraçar;
2. Desenhar;
3. Alcançar;
4. Tocar baixo;
5. Pulseira de couro;
6. Esmurrar quem merece;
7. Filosofar com os tais atrás da cabeça;
8. Segurar, literalmente, o tédio (apoiando a cabeça);
9. Tatuar;
10. Coceira.

Esse foi o Top 10 motivos para ter braço.
Porque, é que nem gosto, né...

Tédio na faculdade


Não me deram esta opção.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Misunderstood

Minha cultura já foi confundida com religião.
Quando eu disse ao meu professor que 'Notre Dame' existia em vários lugares porque significava 'Nossa Senhora', ele disse que eu devia ser uma boa aluna no catecismo.
Como se ensinassem tais coisas no catecismo.

Meu respeito já foi confundido com dúvida.
Por escrever deus com letra maiúscula, por respeito a quem acredita, já me disseram que eu escrevia assim por não ter tanta certeza de sua inexistência.
Como se eu me preocupasse com o que poderia me levar para o inferno.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Prefiro Darwin

Quando eu era menor eu não entendia bem o que era deus. Acho que ele era o cara pra quem eu deveria recorrer se algo desse errado. Depois de um tempo, com algumas explicações, eu achava que ele era um cara bom, que parecia com o papai Noel e ficava sentado nas nuvens escutando as coisas que eu falava. Eu rezava toda noite. Antes de dormir, eu ficava repetindo aquelas orações decoradas e me questionava se deus entendia o que eu queria dizer, se ele realmente me conhecia através de alguns simples 'pai nosso'. Resolvi parar com isso e começar a conversar com ele, afinal ninguém lia meus pensamentos para checar se eu estava rezando ou conversando com ele. Assim fui fazendo até começar a testá-lo. Eu vivia pedido para que ele me respondesse, para que provasse que existia, me mandasse um sinal. Esperava alguns minutos, e nada. Para me conformar eu pensava "ele não manda sinais tão facilmente". E com essa falta de resposta eu fui me distanciando, perdendo esse pouco de fé que eu tinha. Recorria ao ser que não me respondia quando estava desesperada ou triste, mas sempre questionando a existência no final e desistindo de acreditar que os meus pedidos fariam alguma diferença.
Quando comecei a me ver não-católica eu já não o via como uma pessoa, mas como algo maior, uma energia, algo além do que eu pudesse imaginar, além de qualquer imagem que eu pudesse formar na minha mente. Então me conformei que ele não responderia nunca, nem mandaria sinais. Afinal era apenas uma força do universo. Muitas tardes ociosas e noites de insônia foram gastas pensando nisso. Até que parei num ponto. Ele não tinha nada a ver com religião, era um poder maior, uma energia, que eu enxergava como sendo o "culpado" por tudo de lindo que tem no universo e por todos os bons sentimentos do ser humano. Isso, para mim, era divino. No capeta eu nunca acreditei. O lado mau das coisas estava nos próprios seres humanos, e não numa força maligna que competia com deus. Então eu tinha chegado à conclusão de que não adiantava nada rezar, pedir, agradecer, conversar, apelar, porque ele não era uma pessoa, ou um ser propriamente dito. Ou seja, eu simplesmente acreditava em algo maior.
Algo maior? Muito vago. Eu também achava. Mas foi no que eu acreditei durante um bom tempo. E foi tentando explicar exatamente no que eu acreditava que entendi melhor o que eu mesma achava.
Numa das minhas noitadas, com amigos queridos, com quem adoro passar horas filosofando, eu percebi que não acreditava em deus. Eu apenas dava outro nome ao que eu acredito.
Eu acredito na Natureza. Tudo de belo que eu enxergo à minha volta, tudo que eu considerava divino, é natural. O mundo chegou onde está por causa da natureza, e vai pra onde tiver que ir por causa da natureza. Todas as transformações físicas e químicas que vão modificando os átomos e transformando coisas, é tudo natural. E, quanto aos sentimentos, são as nossas características mais belas e autênticas, e são nossas, dos seres humanos. Não proveniente de alguma outra força ou energia.
Ateia, com orgulho.
Para mim, deus não existe. E não acho nada que prove o contrário.
Procuro respeitar muito a opinião alheia, assim como desejo ser respeitada.

E se alguém se sentiu ofendido com algo que leu aqui, sinceramente, não deveria estar aqui.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A era católica

Eu era católica, aliás, eu achava que eu era, porque depois eu descobri que nunca fui de verdade. Eu sou batizada, mas não acho que isso fez de mim uma católica. Porque eu nunca acreditei em nada. Eu acreditava em deus e só. Eu achava que a bíblia era como um livro de fábulas do Monteiro Lobato: cheio de ficção e com uma mensagem legal no final de cada fábula.
Pois bem, quando eu estava no catecismo eu comecei a questionar, porque só aí que eu fui perceber que aquele povo (padre, catequista, papa, esse povo) queria que eu realmente acreditasse naquilo tudo, não como fábula, mas como verdade. Ou seja, era pra eu acreditar que realmente teve um cara que andou por cima da água, multiplicou pão, transformou vinho em água, fez paraplégico andar, cego enxergar e foi crucificado, morto e sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e está sentado à direita de deus pai todo poderoso, d'onde há de julgar os vivos e os mortos (é, eu ainda sei o credo). Entre outras coisas.
Foi aí que caiu a ficha. Eu acreditava em deus, num poder maior, mas não nesses contos que nunca foram provados.
Enfim, eu fiz primeira comunhão mais por curiosidade do que por tudo, porque eu morria de vontade de provar a hóstia. Mas naquela época eu já percebia que aquilo não era pra mim, porque eu não me sentia bem na igreja, era um tédio, me dava sono, e eu realmente não acreditava em nada. Eu nem rezava mais, eu simplesmente conversava com deus, como eu conversaria com qualquer pessoa, falando das minhas aflições, e de vez em quando eu pedia ou agradecia qualquer coisa.
Com o passar dos anos eu fui lendo, pesquisando, vendo que realmente nada da bíblia é comprovado, que quem acredita é por pura fé, e fui só me afastando do catolicismo. Mas se alguém me perguntasse, eu respondia que era católica, porque eu sou batizada e fiz primeira comunhão e, até então, não tinha tanta vergonha dessa religião.
Aí o Bento começou a falar bobeira. Falar pra não usar camisinha, essas coisas, tudo bem. Porque realmente faz sentido pra quem é católico de verdade. O problema é só achar um católico de verdade nesse mundo, porque até hoje eu não conheci nenhum. Ninguém segue a bíblia à risca, então não faz sentido seguir o que o papa fala. Mas foi quando ele começou a querer mudar os pecados capitais, adicionando coisas ridículas, como a proibição de doação de órgãos, que eu achei o cúmulo da estupidez e comecei a me assumir não católica mesmo, porque aí já dava vergonha de falar.
E foi quando eu me assumi totalmente não católica que eu comecei a questionar profundamente deus. Mas aí já é assunto pra outro post.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Opinião

O motivo óbvio de ter um blog é que é um lugar seu, onde você fala o que você pensa da forma que acha mais adequada.
O motivo óbvio de liberar o sistema do blog para receber qualquer comentário, inclusive anônimo, é que você realmente quer ver o que outras pessoas pensam sobre tal assunto que você escreveu. Você quer comentários contra o que você escreveu, a favor do que você escreveu, sobre o que você escreveu e além do que você escreveu.
O motivo óbvio de se comentar num blog alheio é ter algo de útil para falar, que valha a pena ser dito.
O motivo óbvio desse post é que eu não quero comentários fúteis e imbecis no meu blog, prefiro que o leitor pense duas vezes antes de dizer qualquer babaquice.

Mas até hoje eu nunca tive comentários inúteis no meu blog. Acho que realmente quem costuma visitá-lo só comenta quando tem algo a dizer de verdade.
Mas esse post é preparatório para assuntos que pretendo falar em posts futuros, que podem gerar comentários irritantemente estúpidos.

E é lógico que os motivos que parecem óbvios para mim podem não ser óbvios para outras pessoas.
Afinal, é tudo uma questão de opinião.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Vaidade

Eu não sou nada vaidosa. Eu raramente ligo para a minha própria aparência.
Mas tem dias que eu acordo diferente. Eu simplesmente me olho no espelho e penso "por que sair com essa cara de múmia? por que não me valorizar um pouquinho?". E aí eu me cuido.
De vez em quando é tão fácil que eu me pergunto por que não faço isso sempre. Mas eu sei a resposta, eu não sou vaidosa, não arranjo empolgação, ânimo, vontade de me arrumar muito. Sempre acho que tem algo melhor para fazer, sinto como se tivesse algo que realmente vai fazer o meu tempo valer mais a pena.
Mas de quando em quando eu invisto no meu marketing pessoal e tento melhorar essa cara de múmia e esse jeito de moleque.
Hoje foi um dia assim. Raridade. Fazia tempo que não acontecia.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Top 10 - Vol. I

Não necessariamente nesta ordem, mas necessariamente estas coisas.

1. Pôster gigante do Alexandre Pires;
2. Diálogo de novela;
3. "Não gosto de filme de neve";
4. Pseudo-intelectuais;
5. Vassoura hidráulica;
6. Ouvir "Are-baba" (sei lá como se escreve esse lixo);
7. Auto-crítica implorando elogio;
8. Ser fumante passiva em todos os corredores da faculdade;
9. Humor negro mal aplicado, maldoso;
10. Ouvir adaptação dublada de alguma boa música.

E esse foi o Top 10 motivos para se ter uma arma.

domingo, 4 de outubro de 2009

Party

"Hum, festa!
Vou vestir minha calça da Diesel falsa, minha cueca mais limpa, minha blusa rosa choque, vou tomar banho, vou usar perfume e desodorante hoje. Acho que assim pego alguém.
Andando com as garotas mais fáceis, que se impressionam com qualquer ato mais chamativo, tenho que fazer algo para mostrar minha revolta, minha força e minha masculinidade.
No caminho da festa quebro um banco, uma árvore recém-plantada, uma lata de lixo, derrubo placas e cartazes do bar da esquina. Bebo de tudo até não conseguir andar em linha reta. Esbarro em algum magrelo pelo caminho. Pego alguma garota que tenha se impressionado. Puxo briga com alguém. Sou expulso pelos seguranças, saio imobilizado e satisfeito.

No dia seguinte, não me lembro muito bem de nada, mas alguém me disse que fui foda ontem.
Então a festa foi ótima."

E assim devem acordar alguns animais que foram ao baile do Hawaii ontem.
Mas ignorando a existência desses, e apesar do axé, estava divertido.

sábado, 3 de outubro de 2009

Mentira

Você mente?
Mentira.
Eu minto. E assumo.
E você também deveria assumir.
Ou vai dizer que quando alguém pergunta "tudo bem?" e você responde "tudo bem" é sempre verdade?

Quase nunca é.

Mas... e aí, tudo bem?

Certas coisas

Certas coisas não precisam ser ditas.
Eu sei pelo jeito que você me olha.
Eu sei por como segura minha mão.

Certas coisas não precisam ser ditas.
Podem ser escritas na palma da mão.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Murphy

Todo dia, na van, eu sou obrigada a escutar todo o tipo de música ruim que se possa imaginar.
Todas aquelas malditas duplas sertanejas e aquelas cantoras de meia tigela, que se revelam em trilha sonora de novela, entre outros absurdos.
E meus ouvidos são estuprados por 50 minutos todos os dias, duas vezes ao dia.
Já houve um dia em que, por algum desvio de personalidade, o motorista colocou um CD do Kid Abelha. Aí eu tive um retorno mais agradável para a casa. Mas isso só aconteceu uma vez.

Então hoje Murphy resolveu me irritar.

Foi algo sincronizado, ele planejou muito bem. Só deu pra me deixar irritada mesmo.
O tempo que eu gastei para me levantar e abrir a porta da van, foi exatamente o mesmo tempo que os alto-falantes do rádio gastaram para transmitir aos meus ouvidos a doce voz do Paul dizendo "Hey Jude".
Ah! Na hora que eu estou descendo da van? Quase pedi pra ele dar uma volta no quarteirão.

Para acalmar, cheguei em casa e escutei "Hey Jude" inteira. Matei a vontade.
E tem alguém que consiga se sentir triste ou nervoso depois de cantar junto:
"Na, na, na, nananana, nananana, Hey Jude!"

Got to get you into my life

I was alone, I took a ride,
I didn't know what I would find there.
Another road where maybe I could see another kind of mind there.

Then I suddenly see you.

The Beatles

Porque eu nunca conheci ninguém que me deixasse sem palavras antes.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Shaking Leg

Algo me aflige, me incomoda. Não consigo identificar o que é. Estou ansiosa? Nervosa? Algum cheiro está ruim? A posição é desconfortável? Alguma dor de cabeça sem motivos? Um coceira escondida? Um incômodo do subconsciente? Algum sinal do meu cérebro? Há algo errado? Ou fora do lugar?
Não sei. Definitivamente não sei.
E se não sei nem o motivo disso, vou saber extravasar? Aliviar? Relaxar?
Não.
Por isso balanço a perna.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Chuva Simpática

Está chovendo bastante.
Mas por mais cinza que o dia esteja, a chuva esta muito simpática.
As gotas que escorrem pela parede do prédio dançam pelos vãos dos ladrilhos, as que caem na janela ficam paradas me espionando e de vez em quando alguma se vai. As que gotejam da beirada dos telhados, descem calmas, sorridentes, quase brincando, e as que passam reto, sem encostar em nada, simplesmente estão felizes por tocarem o solo.
E nisso fica esse barulhinho gostoso, um chiado em coral no fundo e alguns estalos de gotas mais robustas que caem mais próximas.

É tão agradável que nem sinto vontade de colocar música.

Agora, no final do post, o céu ficou todo orgulhoso, só porque está ganhando um post exclusivo no meu blog, e resolveu me avisar que está prestando atenção, mandou um raio, igualmente simpático, como se coçasse a garganta, me olhando por trás da cadeira.

domingo, 20 de setembro de 2009

Nara

Existe dia pra homenagear tudo e todos.
Pode até ser que exista um dia certo para os irmãos (e irmãs, de uma forma genérica), mas acho mais especial o
20 de setembro.
Para falar a verdade, eu nem sei dizer exatamente quando isso começou, porque desde que me conheço por gente, o dia 20 de setembro é o dia das irmãs.
Me sinto muito feliz e honrada de saber que isso foi uma homenagem direta a mim, pois quem inventou isso foi a minha irmã. E sei que pode parecer uma desculpa para presentear e ser presenteada. Mas não é nada disso. E também não quer dizer que eu lembre que tenho uma irmã só no vigésimo dia do nono mês de todo ano.
É bem mais que isso.
É o dia que me enche o olho de lágrimas só de pensar que foi uma homenagem a este ser que veio roubar a cena 12 anos depois.
E eu acho que nunca consegui dar de volta todo o amor que recebo, porque o máximo que eu faço é escrever uns bilhetinhos, comprar algum presente e responder um par de “
yes” toda vez que falo ao telefone. Enquanto eu recebo todo o carinho do mundo, toda a atenção. Eu tenho uma irmã que consegue ser mais coruja que a minha mãe, que se preocupa mais do que deveria, que se orgulha além do que consegue, que ama além do que se espera, que fala mais que o esperado e que sente saudade mais do que qualquer um. Mas que também é mais amada do que imagina. Eu tenho certeza.

E por mais que eu falhe nesse papel, não existe coisa mais importante pra mim nesse mundo do que minha irmã e meu irmão. Não existe ninguém que eu ame mais.

Nara, eu te amo muito, muito.
E, apesar de ser dia das irmãs, Mimo, eu também te amo muito, muito.

E, Mayra, minha ninam, você é a minha única irmã mais nova, eu também te amo demais. (hehehe...)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Entre outras mil, és tu...

Mês passado eu fui ao PSIU pra fazer a segunda via da minha identidade, porque não posso tirar carteira de motorista com aquela foto de criança. Bom, peguei uma senha e fui sentar. Depois de alguns (muitos) minutos, chamou a minha senha.
- Eu gostaria de fazer a segunda via da minha carteira de identidade.
- É pra exame de direção?
- Sim.
- Você tem a primeira via aí?
Entreguei-lhe a primeira via.
- É, você vai ter que esperar 30 dias para as suas digitais serem liberadas.
- OK, volto daqui 30 dias então. Obrigada.
Se passaram pouco mais de 30 dias. Voltei ao PSIU hoje. Na hora de pegar a senha:
- Senha pra que?
- Segunda via da carteira de identidade.
- Perdeu a outra?
- Não, é pra tirar carteira de motorista.
- Ah, sim. Você vai ter que ver se suas digitais foram liberadas e voltar aqui depois.
- É, eu sei. Obrigada.
Caso não tenha ficado claro, precisei pegar uma senha para verificar se as digitais foram liberadas. Esperei, mas não muito desta vez. Número 96, that's me!
Na hora de sentar no guichê de atendimento, uma mulher invadiu o meu lugar pra perguntar o que precisava pra tirar a segunda via da carteira de identidade. Ignorou as ordens da atendente até que tivesse as informações que queria. Conseguiu. Agora sim, minha vez. Afinal, senha 96 sou eu, né dona?
- Eu queria verificar se as digitais foram liberadas pra tirar a segunda via da carteira.
- Ah, sim. A primeira via ta aí?
- Sim, aqui.
- Suas digitais foram liberadas. Agora você vai ali com aquela moça da senha pra agendar pra tirar a segunda via.
- Ah, tem que agendar é?
De volta ao guichê da moça "simpática" da senha, que agora estava saboreando um sorvete que derretia horrores. Sem querer atrapalhar o malabarismo dela, de querer chupar o sorvete de todos os lados ao mesmo tempo, eu pedi a ela para agendar para eu tirar a segunda via, enquanto ela me olhava com a boca ocupada demais para dizer "pois não".
Largando do sorvete...:
- Trouxe os documentos?
- De que eu preciso?
Com um ar de quem quer se livrar de mim, ela me deu um papel com a série de documentos que eu iria precisar para agendar, e voltou ao sorvete.
Ou seja, eu preciso de um monte de coisa (que ninguém me avisou antes) para voltar lá, num outro dia, e simplesmente agendar. Aí, no dia marcado, eu preciso ir ao banco, pagar a taxa (que tem que ser paga no dia agendado) e ir ao PSIU para conseguir tirar a segunda via.
E aí, se tudo estiver certo, eu espero mais algumas semanas para finalmente ter o documento. (...)

Fui até a papelaria comprar um papel que precisava para tirar a segunda via. Cheguei lá, me aproximei de onde estavam as 6 funcionárias, desocupadas e conversando, e esperei alguns segundos. Depois de perceber que a minha presença não foi notada (porque eu não sabia que trabalhavam seis moças cegas lá, eu juro!) eu pedi pelo papel. Sem nem interromper a conversa, uma delas passou o dedão na língua, tirou duas folhinhas de um bloquinho cinza e me entregou. Eu confirmei "as duas folhas que preciso estão aqui?". Ela fez que "sim" com a cabeça, sem interromper a frase que falava com as outras.
- Obrigada. (...)

Mais tarde, fui em uma outra papelaria para comprar papel para a maquete. Ao atravessar a rua, na faixa, eu tive que desviar de um carro que ficou em velocidade constante enquanto o sinal não abria. Ele foi avançando calmamente, até que, quando o sinal abriu, o carro já estava passando da faixa de pedestre.

E aí eu pensei: "... Brasil, ó pátria amada."
(Mayra's photo)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Tim,

não me decepcione.
O trailer é perfeito.
A expectativa é gigante.

Surpreenda-me (novamente)

... e surpreenda aqueles que não surpreendeu antes.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sorriso

Me olhei no espelho e lá estava eu, com cara de idiota. Agora fico assim quase o tempo todo. Perco o olhar no nada. Fico fuçando na memória, lembrando de cada detalhe, cada gesto, cada palavra, cada olhar.

E de vez em quando não consigo disfarçar.
Simplesmente sorrio para o nada.

Fico pensando nas coisas incrivelmente semelhantes.
Fico pensando nas coisas que extrapolam as minhas expectativas.
Vou me surpreendendo, gostando mais.

E tenho certeza que não sabe o quanto reparo nos detalhes, e o quanto gosto deles.

Tá tudo tão perfeito que me sinto mal por coisas que não estão tão perfeitas para os outros que convivem comigo.
Porque se todo mundo estivesse feliz como eu, a Lua sorriria todos os dias.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sobre o tempo

"Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda, eu sei, pra você correr macio."

Acordar cedo. Trocar de roupa. Tomar café. Escovar o dente. Escovar o cabelo. Descer para esperar a van. Zanzar por 40 minutos com a van. Aula. Hoje não teve intervalo. Fim da aula. Devolver livro na biblioteca. Esperar van. Descer no centro para almoçar. Encontrar amigos. Almoçar. Conversar um pouco. Ir para a aula teórica da auto escola. Descobrir que já viu a matéria daquele dia. Arranjar coisas para a cabeça por 2 horas. Multiplicar o tempo de enrolação por uma queda de energia. Voltar para a casa. Comer. Tomar banho. Desenhar. Ler. Postar no blog. (e daqui a pouco...) Desenhar mais. Ler mais. Fazer algumas contas. Começar o trabalho de quinta-feira. Dormir.

Yeah, as coisas estão meio corridas.

"Tempo amigo, seja legal, conto contigo pela madrugada, só me derrube no final."
[Sobre o tempo - Pato Fu]

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Love is all you need.

"Pelo que vale a pena morrer? E pelo que vale a pena viver?
A resposta para as duas perguntas é a mesma: amor."
[Adaptado de Don Juan DeMarco]

Na verdade, no filme, são 4 perguntas. Mas essas duas aí me tocaram.
Sinceramente, eu acredito nisso.
Porque quando eu ocupo a minha mente com as minhas filosofias de boteco e me pergunto pelo que vale a pena viver (ou morrer), eu acabo chegando ao amor.
Amor de todos os tipos.

Eu amo profundamente algumas pessoas. E elas simplesmente fazem valer a pena.
Eu teria outra vida para ficar do lado destas pessoas? Para amá-las ainda mais?
Acho que não. Então continuo amando nessa mesmo.

Porque a única coisa que pode se equiparar (mas não superar) com a sensação de amar, é ser amado.

"All you need is love" [The Beatles]

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Banho

Dia frio. Você respira fundo e se levanta para ir tomar banho. Entra no banheiro, tranca a porta. Agora, mais coragem. É preciso ficar nu. Respira fundo mais uma vez e tira toda a roupa. Entra no box. Calcula meticulosamente uma posição estratégica para abrir o chuveiro sem se molhar, porque logo que abre a água está fria, gelada. Gira a torneira uma única vez. Posiciona a palma da mão no meio do caminho da água. Ainda não está bom. Este chuveiro é uma droga, não esquenta nada. Aí, gira alguns milímetros e testa novamente. Continua frio. É, tem que apelar para a técnica de fechar o chuveiro bem vagarosamente e atentar o ouvido para o som elétrico que indica quando o chuveiro está prestes a desligar. Desliga e religa o chuveiro umas duas vezes até conseguir mantê-lo ligado, numa posição bem vulnerável. Espera alguns segundos para ver se não vai desligar mesmo. Coloca a mão na água de novo. Uau, agora está bem quente, mas vai assim mesmo. Entra lentamente debaixo da água, para o corpo acostumar com a temperatura e não cozinhar. Molha a cabeça e começa a se acostumar com a temperatura fervente. Derrama um bocado de xampu na mão, dá um galeio “semi-automático” com a mão para levar o xampu à cabeça. Começa a esfregar, forma-se muita espuma. De repente, o chuveiro resolve desligar.

Murphy maldito.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Work it out

Playlist perfeita, com as músicas que quero ouvir hoje e que me inspiram.
Temperatura corporal adequada, sem frio nem calor.
Cadeira confortável, posição dos pés confortável, roupa confortável. Enfim, todo o conforto possível e necessário.
Cabelo preso.
Iluminação boa, não muito claro, porque não gosto. Mas também não muito escuro, porque preciso enxergar bem.
Todos os materiais próximos, ao alcance da mão. Lápis, estilete, borracha, régua, papel, as anotações feitas em classe, os desenhos e a maquete anterior.
Concentração e inspiração para recriar.
Espero que saia algo bom.

Traduzindo: vou passar a tarde trabalhando nos meus desenhos e na minha maquete.

sábado, 29 de agosto de 2009

Desenho Cego

Estranhamento. Você deve olhar o objeto de forma diferente. Não dê nome ou rótulo. É a coisa.
Sem tentar imaginar se está certo ou não, simplesmente desenhe as linhas que vê. As curvas, as retas, as sombras e as luzes.
Fique embriagado pelas linhas, pela forma, pela iluminação, pelo conjunto todo.
Deixe-se levar.
Filtre os sons alheios, as sensações, as impressões.
Veja o objeto. E nada além do objeto.
Nunca olhe o desenho. Sua auto-censura tentará corrigi-lo. Não permita isso, nunca.
Não permita que sua mente pense em qualquer outra coisa além do desenho por uns 15 minutos.
E se conseguir... eis a concentração. Aí você alcança o estágio de concentração necessário para produzir coisas belas e sujas.
E volte para o mundo.

E hoje o universo se expandiu.
E eu não quero ficar procurando um motivo óbvio para a vida. Porque hoje, me basta você.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Mata-cachorro

Sim, eu sou meio viciada em cachorros.
Mas nada neste mundo dá, ao ser humano, o direito de matar um cão.

Já passei por um medo tremendo de perder a minha filhotinha (minha cadela) porque ela comeu frango de um tal de Gaulino Pilberto*, que tem fama de matar aqueles quadrúpedes que atacam seus "bens". E, na maioria das vezes, mata covardemente, dando ao cão um suculento pedaço de carne envenenada. Quando ele consegue pegar o cachorro ainda com o frango na boca, dá um tiro na cabeça, sem mais nem menos.
É, ele tem instintos predadores como os animais. É predador tanto quanto, é irracional tanto quanto.
O problema é que esse idiota mata qualquer quadrúpede mesmo.
Uma onça atacou uma vaca dele. E não é que o imbecil foi lá e deu carne envenenada pra bicha? Para uma onça! Esse covarde envenenou uma onça!

Acho que se dependesse dele todos os animais entrariam em extinção. Exceto suas galinhas e suas vacas queridas.
Não acredito que vim da mesma origem que este asno.

*o nome foi trocado para preservar a identidade do idiota e para preservar a minha liberdade de expressão, porque infelizmente não posso provar que ele é um criminoso.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Pronome possessivo

"- Is she yours? - Yes, she's mine."
Essa é a minha cena favorita no filme Closer.
O Dan re-encontrou a Alice e eles estão lembrando de detalhes do dia que se conheceram. Aí ele decide contar algo novo, que não tinha contado antes. Ele conta que quando beija a testa dela no táxi, a caminho do hospital, o motorista pergunta "Ela é sua?" e ele responde, com certeza do que diz, "Sim, ela é minha.".

Acho que tanto a pergunta do motorista, quanto a resposta dele, são absolutamente profundas e sinceras. A pergunta diz tudo, e a resposta também.

Enfim...
ela é sua?

domingo, 23 de agosto de 2009

Será?

Tudo nasce, cresce, reproduz e morre.
Será?
Porque, sinceramente, algumas coisas parecem apenas nascer e crescer. E só crescer.
E desenhar um gráfico infinito, só melhorando.

Isso é lindo.

Hoje eu estou meio encantada, com pensamentos legais.
Mas deixo a curiosidade, não vou repassar.
Eu só queria que todo mundo estivesse bem como estou hoje.

Mas é uma pena que não seja assim, e que a maioria das coisas sigam o caminho natural, e morram.
É uma pena...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Rainy days

Dias chuvosos são sempre cheios de peculiaridades. Como tenho mania de reparar no comportamento alheio, me divirto em dias assim.
Na rua é cheio de gente com guarda-chuva psicológico, ou seja, está lá, aberto acima da cabeça, mas a pessoa está com a cabeça tão cheia, andando tão depressa, que nem vê que não está protegendo nada, só o topo da cabeça continua seco. E guarda-chuva também é legal para notar quem é desastrado ou não. Um desastrado não consegue disfarçar, enrosca em tudo quanto é canto, machuca os olhos dos pedestres e anda mais desengonçado do que o normal.
Seria o meu caso.
Chuva é boa pra mostrar aquele buraquinho na sola do tênis que você ainda não descobriu, e que só vai notar quando a metade do pé já está molhada.
Também é boa para desmascarar chapinhas, porque não há cabelo alisado que aguente uns pinguinhos, ou até mesmo o ar úmido.
Os pedestres guarda-chuvados revelam o seu lado egoísta. Porque mesmo protegidos, continuam andando debaixo dos toldos das lojas, e esbarram a maldita sombrinha na cabeça do pedreste sequinho que passa ao lado.
E já reparou que os lixos dos bancos e das lojas viram porta guarda-chuvas, milagrosamente? Ninguém pensa duas vezes antes de se livrar da sombrinha molhada, enfia dentro do primeiro "potinho" que vê pela frente.

Eu não deixo de ser como a maioria também, mas procuro raciocinar um pouquinho para me molhar menos.
O melhor mesmo seria simplesmente não sair de casa em dias assim.
Aliás, o melhor meesmo, seria ficar abraçadinho.
Chuva é boa para ver filme debaixo do cobertor. Mas hoje vai ser boa para fazer trabalho de arquitetura. Eba!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Trote

Luiza? Hoje não. Hoje é Paçoká. Por quê? Porque sou bixete burra. Só hoje. (eu espero...)
Passei a manhã desenhando nas Thermas. 11 horas a aula acabou. Até que enfim, vou almoçar.
Aham... claro.
Na porta uns 12 veteranos pegando nossos materiais e etiquetando, os materiais e os bixos. 'Quer um conselho? Guarda sua blusa, ou vai sujar.' Ok, guardem a blusa, eu passo frio.
Devidamente etiquetada, fui para o paredão de fuzilamento. Virei guache em pessoa. Em pessoa não, em bixo. Aí, todo mundo suja a mão de tinta branca e bate na bunda do bixo da frente. Sim, todos os bixos com a mão branca de Saruman na bunda. Só? Não, agora dá a mão esquerda pro bixo da frente, por baixo da perna dele, e a mão direita pro bixo de trás, por baixo da sua perna. Famoso elefantinho. Ok, fácil. Se não tivesse que andar. Mas fui torta, suja, com frio e fome, gritando o lema 'Bixo burro, veterano gente boa!'. E, claro, tudo filmado e fotografado. Pelos gente boa, para rirem mais tarde. Depois da maratona, um círculo e vamos para as brincadeiras.
Passei palitinho. Ganhei um beijo no braço do 'Trevis' e dei um beijo no nariz do 'Porquinho'. Dancei algumas coreografias ridículas. E fui para o semáforo.
30 reais. Ou não podia ir embora. Pois bem, fui pedir dinheiro para os carros que não subiam o vidro e parei pessoas que não me olhavam como louca. Consegui a grana.
Aí, com as tarefas cumpridas, já veio um veterano virando uma pinga em mim. 'Não!' 'Não vou jogar na sua cabeça, é pra você beber.' 'Não! Eu não bebo!' Aí, como se fizesse toda a diferença do universo para mim, ele veio virar uma garrafa de cerveja. 'Não, já disse que não bebo.' 'Nem cerveja? Vai ser pior pra você... Gente, aqui ó, bixete que não bebe!'
Droga. Uma garrafa colocada no chão e um megafone para me dar ordens. 'Agora vai ter que descer bixete!' 'Nem a pau!' Acho que a cara de brava, somada com a tinta e com a cara de cansada, convenceram o veterano. 'Tá bom, então da um beijinho na Creuza [a mulher desenhada no chão] e faz carinho nela.' Tá bom, melhor que descer na boquinha da garrafa. Um selinho e umas dez passadas de mão no desenho da calçada.
Agora sim, acabou.
Quase 3 horas, que fome.
'Não vamos ganhar almoço?' 'Tá com fome, bixete? Pede mais 5 reais no semáforo e compra um lanche!'

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Menstruação

O Ministério da Saúde adverte: não siga lendo o texto se tem estômago fraco, problemas cardíacos ou se está na TPM.

O título é chocante, eu sei. Todo mundo usa eufemismos para falar da menstruação. Parece até o Voldemort, que ninguém tem coragem de falar o nome. Talvez seja assim porque aquela-que-não-deve-ser-nomeada é semelhante ao Lord.
Afinal, causa dor, sofrimento, faz uma mulher implorar para morrer e transforma a mais meiga menina numa psicopata bipolar.
Nem o mais renomado ginecologista consegue compreender o que é MENSTRUAR.

Primeiro a garota passa um tempo sentindo umas dores de barriga inexplicáveis. Por mais que defeque tudo o que tem para defecar, a dor não passa. Dores no peito, sensibilidade total, que impedem-na até de receber um abraço. Depois surgem algumas dores nas costas, que fazem aquela linda garotinha pensar que pode estar com algum problema no rim. Aí ela passa alguns dias gritando com todo mundo e chorando por qualquer "não" que escuta. Por fim, a garota, inocente, levanta para ir à escola e, quando vai ao banheiro, se depara com a calcinha ensanguentada. "Mãe!". Só então que ela percebe que vai passar por todo este processo dolorido uma vez por mês, até que seu sofrimento se transforme em calores e mau humor, controlados por hormônios.
Eis a menstruação.
Aí essa garotinha, agora uma mocinha, vai ralando para descobrir os macetes da coisa. Ela mancha 32 calcinhas, deixa vazar aquele borrão escuro de sangue em 3 calças jeans, suja lençóis e pijamas, até descobrir que existe o absorvente noturno, que é um eufemismo para fralda. E ela vai ter que passar por alguns apuros para adquirir o costume de carregar algum absorvente reserva na bolsa. E também vai descobrir que Atroveran, e todos esses remédios milagrosos para cólica, são apenar um conforto psicológico. Pois continua doendo, mas ela acha que se não tivesse tomado estaria doendo mais (se é que isso é possível).

Todas as mulheres já desejaram que algum homem menstruasse pelo menos uma vez na vida. Para que ele, antes de se gabar, achando que aguenta qualquer dor e que não sente nojo de nada, veja o que é essa tal hemorragia mensal. Porque eles não imaginam o que é levantar e sentir o mundo vindo a baixo. Abaixo da sua tal. Eles nunca sentiram aquele sangue grosso, escuro e nojento.

E cada garota passa pelos obstáculos, pelos ódios e pelas dores da sua própria menstruação.
Essa do texto aí de cima é esta que vos escreve.

domingo, 16 de agosto de 2009

Pelo domingo, que é lindo.

Tem dia mais insuportável que domingo?
Sim, ainda é final de semana, mas é um dia morto, do começo ao fim.
Primeiro, porque amanhã é segunda-feira. Sendo assim, é um dia livre pra qualquer coisa, desde que não atrapalhe a sua maravilhosa segunda. O pior de tudo, é que é um dia perfeito para arrumar o quarto. Só falta o ânimo. O quarto bagunçado tá lá, me esperando.

Mas estou reclamando de barriga cheia, o meu final de semana foi bem agradável.
Porque quando há um silêncio constrangedor, é um saco. Mas quando o silêncio não incomoda mais, é simplesmente delicioso. (Quentin?)

E fico por aqui, ouvindo as música do meu irmão. É bom que mata a saudade.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Mimada

Fiquei muito mimada de amizades. Ultimamente me senti tão rodeada de gente interessante que ficou difícil de baixar o nível.
Agora eu estou exigente. Desde sempre eu procurei ter amizades interessantes, pelo menos um pouquinho. Mas agora, o negócio é extremo. Não sei se isso é bom, talvez não.
Só sei que me senti mimada. De repente eu estava andando só com gente legal todos os dias.
Isso não faz bem, da nó na cabeça de um ser humano fraquinho como eu. Não consigo voltar ao normal agora.
Malditos amigos perfeitos.
Onde vou encontrar alguém pra substituir todos vocês durante a semana?

Tá tudo bonitinho na minha vida, só tá faltando vocês!
Sei que não vou perder contato, não vou deixar isso acontecer. Mas durante a semana o coração aperta de saudade.

Bom, o post já melou demais.
Um abraço aos meus amigos eternos. (que todos sabem bem quem são)

E eu vou indo, porque tem, mas acabou.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Beatles ou Jesus?

Uma vez o John Lennon (sabe aquele cabeludinho?) disse que eles (der, os Beatles) eram mais famosos que Jesus Cristo.
Bem, vamos analisar.
Se você for à Jerusalém, todos vão saber quem é Jesus Cristo.
E se você for à Liverpool, todos vão saber quem são os Beatles.
E eu acho que em Jerusalém todos vão saber quem são os Beatles.
E também acho que em Liverpool todos vão saber quem é Jesus Cristo.
Conhecidos eles são, ninguém duvida.
E faz sentido.
Apesar dos rumores, Jesus existiu, falou um monte de coisa, agitou um monte de gente, fez algumas coisas chamativas e ficou bem falado.
E apesar de outros rumores, os Beatles existiram, falaram um monte de coisa, agitaram um monte de gente, fizeram coisas chamativas e ficaram bem falados.
Muita gente sabe recitar o 'Pai Nosso'.
Muita gente sabe recitar o 'Twist and Shout'.

Não posso negar que a fama é parecida, difícil de saber quem é mais famoso. Quanto ao mais querido... também acho difícil. Quanto ao mais citado... putz, difícil também.

Então, deixa eu ver... Quem já escreveu alguma coisa: Jesus? É, escreveram por ele. John? Sim. Paul? Sim. Ringo? Sim. George? Sim. Seguidores: é, todos eles. Registros históricos: Jesus? É... vejamos... um livrinho serve? Não sei... John, Paul, Ringo e George? Bem, tem vários LP's, e CD's, e DVD's, e livros... fora quem ainda tá vivo, né.

É, essa discussão é meio sem fim.
Então vou ficando por aqui, com os LP's mesmo.

Obs.: agora é livre pra qualquer um comentar no blog.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Vassoura d'água

Foi só reclamar da falta de motivos para a acidez que comecei a reparar de novo nas coisas que me incomodam.

Ontem, num curto espaço de tempo, passei por três "luzes-de-inspiração" usando as famosas vassouras d'água, conhece? É a mais comum de se ver, usada bastante por empregadas desinformadas e por velhinhas mofadas. Identificar uma vassoura dessa é bem simples, são compostas por:
~ uma mangueira bem comprida - para alcançar desde o quintal até a rua, garantindo que nenhum balde seja usado;
~ uma torneira bufante - porque se for muito fraca não faz pressão suficiente para varrer e não garante aquela babinha que fica escorrendo na boca mal emendada da mangueira;
~ inúmeros remendos de borracha - daqueles de câmara de ar;
~ um dedão gordo - porque se for muito magrelo não dá conta de fechar 3/4 da boca da mangueira;
~ ócio - afinal, para varrer uma calçada inteira é necessária uma tarde inteira, no mínimo.
Geralmente os usuários da vassoura se encontram com a barra da calça dobrada até o joelho, uma havaiana branca e azul clara, gasta no calcanhar, e em processo de decomposição cerebral.
E pode reparar, quando encontrar um usuário ele estará provavelmente entretido com uma folhinha seca que entrou no vão da calçada e não sai com a força da água. Ou então tentando varrer uma mancha da calçada. Ou ainda, conversando com a vizinha, ambas, distraidamente, varrendo lugares que já estão limpos.
Mas é normal, alta tecnologia.

Obs.: é, eu sei que esse texto está cheio de preconceitos, mas são baseados nos três dementes que vi, e nada além disso.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Cotidiano

Tô começando a sentir o gostinho do que será o meu cotidiano pelo próximo semestre.
Maquetes. Desenhos. Papel. Prancheta. Lápis. Giz. Bloquinhos. Pastas gigantes. Coisas espaçosas para levar na van. Prato feito. Bolachinha. Coca-cola. E algumas daquelas "coisas de adulto" para resolver.
Se eu tô gostando disso? Amando.
Téquinfim! Tô estudando o que eu gosto!
Bom, foi apenas o segundo dia, mas as coisas estão começando a entrar nos eixos. E estou achando legal de, no segundo dia, estar com uma sensação que não é tão comum à todo mundo. A sensação de que realmente escolhi o curso certo. Lindo isso.

O meu lado ácido foi meio apagado por essa felicidade. Mas não vejo problema nisso.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

New

A minha sensação de hoje é: novo.
Não consigo descrever com outra palavra.
Tá tudo bem diferente, mudando bastante e ao mesmo tempo.
Estou com altas sensações diferentes, vivendo situações diferentes. Boas? Ruins? Diferentes. That's the word.

Acho que tá tudo bom demais pra ser verdade. Apesar da minha timidez estar em destaque, por causa das situações novas.

Talvez eu mereça tudo bom demais pra ser verdade, né? Maybe...

sábado, 8 de agosto de 2009

Ironias do destino

1. Um basset avançou em mim por eu tentar passar a mão na cabeça dele, mesmo depois de eu dar pipocas à ele. Uma dorberman, com a qual eu fui brincar com o maior receio, fui super lindinha e receptiva.

2. Durante muito tempo, no meu meio de amigos, fui uma das únicas a namorar. Agora estão praticamente todos namorando, e eu solteira.

3. Ontem havia alguém interessado em falar comigo no MSN, e eu saí cedo. Hoje estou no MSN, e disposta a ficar até mais tarde, e não tem ninguém interessado em falar comigo.

C'est la vie.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Sentindo

Inspirada pela "Lisbeth" e pela música lindinha do Paul McCartney (Great Day - indico!), hoje quero falar sobre o nó dos meus sentidos.
Porque eu não posso mais simplesmente confiar neles. Eu olho, sinto o gosto, o cheiro, a textura, ouço, e não posso confiar nisso. Da última vez que confiei em tudo que meus sentidos estavam me mostrando, em tudo que eu via e ouvia, em tudo que eu buscava sentir, eu acabei com a cara no chão. Pois por dentro, aparentemente, era outra coisa.
E aí? Se não posso confiar em tudo que os meus cinco parceiros me mostram, eu vou confiar no que?

Agora meus sentidos me trouxeram, como numa valsa, até uma bifurcação. Vim deslizando, sem perceber. E que caminho escuro. Meus sentidos não conseguem nem imaginar o que vem pela frente. Parei de respirar, fechei os olhos e a boca, tapei os ouvidos, e aqui fiquei. Só olhando o presente.

E, ah!, como eu queria que meus sentidos estivessem certos! Como eu queria acreditar no que vejo agora, no que ouço... e correr o risco de quebrar a cara de novo?

Toda vez que eu quebro a cara e junto os caquinhos de novo, fica uma cicatriz.
Estou com medo das possíveis proporções de uma nova cicatriz.
Ah, hoje eu to cagona, mas quem sabe amanhã eu to meio Hércules?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Sky

Sempre achei que olhar o céu é coisa de apaixonado.
Não sei explicar bem o porquê, mas acho que quem repara no céu está com o coração acelerado por alguém.
Talvez o amor seja um sentimento azulado, dos tons do céu.
Talvez a distância dos astros conforte a distância do amor.
Talvez o brilho das estrelas lembre o sorriso do outro. Ou o olhar.
Talvez a imensidão seja o único lugar onde cabe o amor de um apaixonado.
Talvez a lindeza do universo lembre a do dito cujo.
Não tenho certeza, mas sei que todo apaixonado olha pro céu e sorri. E viaja. E pensa.

Devo ser uma eterna apaixonada. Olho o céu todos os dias, admiro as estrelas todas as noites, curto os tons do fim da tarde e procuro a Lua em todas as fases.
Acho que sou apaixonada pelo céu.
Mas não nego que a Lua me lembra você.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Labirinto

O que será que ele está pensando?
O que será que ele está pensando que eu estou pensando?
Será que ele sabe que estou pensando no que ele deve estar pensando?

E assim o cérebro segue, infinitamente, nos guiando por um labirinto do medo de se comunicar. Basta perguntar, certo? Um pouco de sinceridade e honestidade.
Bote pra fora, pergunte como quiser, responda como quiser, aja como quiser. E pare de pensar no que os outros estão pensando! Não vê que é um labirinto? Que todo mundo faz isso? E que assim a tendência é ficarmos projetando, imaginando, alucinando, iludindo, por não sabermos o que todos estão pensando e por não falarmos o que estamos pensando!

Mas mesmo sabendo de tudo isso, eu não crio coragem para falar tudo o que penso e nem para perguntar o que você está pensando.
Mas de vez em quando eu arrisco.

E assim caminha a humanidade...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Tarantinando

Pensando num modo meio Quentin Tarantino: quando você deseja que um momento não acabe nunca, é quando você sabe que gosta da companhia de tal pessoa.

Está tudo tão agradável que, de repente, já é tarde, o tempo voou e você deve se despedir. E aí você se sente impotente e nenhum pouco dono da sua vida, pois tem de dar fim a um momento extremamente querido. E a vontade de largar mão de tudo, e conversar eternamente com um grupo seleto de pessoas, nasce, cresce, reproduz e morre. Num período tão curto de tempo que faz você se sentir idiota por não ter lutado mais por isso.

O sentimento nasce e você sente enorme alegria.
O sentimento cresce e te dá vontade de ter capacidade para fazer fotossíntese, para ser ininterrupto.
O sentimento reproduz e você posta um texto medíocre no seu blog.
O sentimento morre e você perde a certeza de que foi lindo, e se sente inseguro para repetir.

Pelo menos funciona assim comigo.

domingo, 2 de agosto de 2009

Timidez

Estou procurando uma vantagem em ser tímida.
Até agora não encontrei, mas continuo procurando. Deve ter, não é possível!
Fuçando no meu pensamento consegui achar só podres na minha timidez. Muitas pessoas me falam que, por eu ficar muito quieta e séria, me acham chata e arrogante logo que me conhecem. Ainda bem que mudam de opinião depois. Quer dizer, espero que mudem.
E a dificuldade para comunicação? Se qualquer coisa me deixar meio sem graça eu já gaguejo e me perco nas frases. Fora aquelas situações que fazem todo mundo prestar atenção em mim, tipo responder/fazer uma pergunta na classe, apresentar algo, tropeçar, falar alto, usar algo chamativo. Nessas situações eu queria ficar invisível ou microscópica. O sentimento que roda pelo meu corpo é horrível, meu coração dispara, meu cérebro não raciocina e meu peito faz força para eu me implodir e sumir.

Sendo assim, a intimidade é algo a ser consquistado comigo, e não facilmente.
Mas depois de íntima, eu sou descontraída e relaxada. Até demais.

E mesmo que o mundo evolua, que o homem mude, que o cérebro desenvolva, que a paz reine ou que a guerra domine, o primeiro "oi" de um tímido é sempre muito difícil. E nada vai mudar isso.

Eleanor Rigby

"Ah, look at all the lonely people!
Eleanor Rigby picks up the rice in the church where a wedding has been, lives in a dream. Waits at the window, wearing the face that she keeps in a jar by the door. Who is it for?
All the lonely people, where do they all come from? All the lonely people, where do they all belong?
Father McKenzie, writing the words of a sermon that no one will hear, no one comes near. Look at him working, darning his socks in the night when there's nobody there. Why does he care?
Eleanor Rigby died in the church and was buried along with her name. Nobody came. Father McKenzie, wiping the dirt from his hands as he walks from the grave, no one was saved.
All the lonely people, where do they all come from? All the lonely people, where do they all belong?"


Eu nunca vi alguém contar uma história tão tocante com tão poucas palavras.
Vou fazer uma afirmação arriscada: talvez esta seja a minha beatlesong preferida.