sábado, 5 de janeiro de 2013

London, London


Acho que agora é um bom momento de finalmente postar algumas notícias sobre a vida londrina.
Eu vejo que tem muita gente do programa (CsF) que tá sofrendo muito com a saudade e muita gente tendo problemas de adaptação, coisas assim. Eu devo dizer que não está sendo tão ruim assim pra mim não.
No começo houve uma ansiedade, que está ameaçando se repetir agora, por conta do dinheiro. É que eu tive problemas excepcionais com a transição do dinheiro do Brasil pra cá. Eu já tinha recebido o dinheiro do governo, estava na minha conta do Brasil e demorou pra dar certo de transferir pra minha conta aqui. Mas isso tudo foi culpa de um funcionário maldito do Banco do Brasil mesmo. Depois eu tive problemas com o banco aqui, que é o NatWest, que demorou muito pra enviar minha senha. Sei lá por quê. Ninguém mais teve esse problema, então acho que foi zica minha.
Mas depois que isso tudo passou eu pude aproveitar mais. Fiquei mais tranquila.
Eu admito que tenho uns momentos depressivos por aqui, quando acho que meu trabalho da faculdade não está bom, quando bate uma saudade muito apertada... mas isso é normal, aconteceria em qualquer lugar.
No começo eu estranhei o esquema da faculdade, parecia que tudo estava fácil demais, eu tinha medo de estar perdendo a parte difícil. Na verdade a parte difícil veio depois, tudo foi se desenvolvendo de uma maneira meio lenta, mas ficou bem complexo. Mas ficou complexo de uma maneira interessantíssima! Eu estou adorando fazer um curso num esquema completamente diferente do que era no Brasil, estou adorando as diferenças. Parece que depende mais de mim, eu preciso me controlar e me cuidar pra fazer tudo certo. E o foco das minhas aulas aqui era tudo que eu queria! Eu não sei bem como são todas as faculdades de arquitetura do Brasil, mas na PUC eu sinto que eu não teria oportunidade de desenvolver esse tipo de raciocínio que estou desenvolvendo aqui. Então a experiência na faculdade está sendo muito produtiva.
Quanto ao fato de viver sozinha, estou gostando também. Estou sendo organizada de uma forma que me surpreende. E não estou me sentindo muito solitária, essa é a melhor parte. Não sei se é o Skype, se são os bons amigos daqui (tá no plural, mas não são muitos assim), se é a mente ocupada demais, se é o deslumbramento com a cidade, se é o ar, ou a água dura... só sei que está sendo suave. E eu ainda nem tive nenhuma crise de pânico! Tá lindo isso.
Agora no final do ano foi mais duro. Essa é a época do ano que eu tenho certeza que vou ver minha família toda, é a época mais feliz. Foi muito, mas muito difícil ficar longe de todo mundo. Foi até mais difícil do que eu imaginava. Mas estou bem, e pra não ficar triste penso no natal do ano que vem!
E outra, viver aqui é o máximo. Eu me sinto muito bem nessa cidade. No Brasil existe muita gente diferente por causa da miscigenação, todo mundo é descendente de alguma outra nação, mas todo mundo é brasileiro. E temos a nossa cultura, que é linda e rica, mas é só ela. Aqui não é assim. Aqui tem muita gente diferente, mas não são ingleses descendentes de outras nações, são pessoas de todos os lugares mesmo! E tem gente de todo lado! Uma mistura enorme de culturas. Mas o legal disso é que, por isso, todo mundo respeita todo mundo. Ninguém fica reparando nas roupas, no linguajar, no jeito de ninguém. E eu sei porque eu gosto de reparar nas pessoas, mas não com um olhar crítico, mas um olhar curioso, um olhar fascinado. Porque é assim que eu me sinto por aqui: fascinada. O tempo todo. Com tudo.
Eu sei que nada é perfeito dessa forma que eu estou descrevendo, mas é que eu gosto até dos defeitos daqui. Fazer o quê...
Mas é inegável que Londres me faz bem. Minhas alergias de pele sumiram, nem lembro mais. E o frio, estou adorando, juro que já me acostumei. E percebo isso por causa das roupas. Alguns casacos que eu usava quando cheguei aqui são os mesmos que tenho usado agora, e está bem mais frio, os graus não mentem. E quando faz calor, nem é tanto assim (sei disso porque já estive aqui no verão antes). Então estou adorando tudo. Até essa fog, que eu acho linda e charmosa.
E viver do lado de um aeroporto é legal! Já quase nem noto o barulho dos aviões mais, mas de vez em quando ainda paro pra olhar um pouso ou uma decolagem, e isso só me ajuda com meu medo de voar. Os voos aqui parecem sempre tão tranquilos.
E a minha vista... ah, a minha vista. Eu sei que o que tem aqui do lado não é o Tamisa propriamente dito, sei que é só um canal. Mas ver o pôr do sol pintando a água de laranja e as luzes da noite piscando na superfície inquieta do rio... é lindo.

To adorando tudo isso. E por mais que o esquema todo do Ciência sem Fronteiras pareça estar meio desorganizado, eu só tenho que agradecer pela oportunidade única. E devo muito à galera da UEL também, que nos trata com cuidado e atenção.

“I choose no face to look at, choose no way
I just happen to be here, and It's ok
green grass, blue eyes, grey sky, God bless
silent pain and happiness
I came around to say yes, and I say” [Caetano Veloso – London, London]

Um comentário:

Nara disse...

A saudade apertou de verdade no Natal, mas o que reconforta sempre é saber-te feliz, minha amôra