segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Murphy

Todo dia, na van, eu sou obrigada a escutar todo o tipo de música ruim que se possa imaginar.
Todas aquelas malditas duplas sertanejas e aquelas cantoras de meia tigela, que se revelam em trilha sonora de novela, entre outros absurdos.
E meus ouvidos são estuprados por 50 minutos todos os dias, duas vezes ao dia.
Já houve um dia em que, por algum desvio de personalidade, o motorista colocou um CD do Kid Abelha. Aí eu tive um retorno mais agradável para a casa. Mas isso só aconteceu uma vez.

Então hoje Murphy resolveu me irritar.

Foi algo sincronizado, ele planejou muito bem. Só deu pra me deixar irritada mesmo.
O tempo que eu gastei para me levantar e abrir a porta da van, foi exatamente o mesmo tempo que os alto-falantes do rádio gastaram para transmitir aos meus ouvidos a doce voz do Paul dizendo "Hey Jude".
Ah! Na hora que eu estou descendo da van? Quase pedi pra ele dar uma volta no quarteirão.

Para acalmar, cheguei em casa e escutei "Hey Jude" inteira. Matei a vontade.
E tem alguém que consiga se sentir triste ou nervoso depois de cantar junto:
"Na, na, na, nananana, nananana, Hey Jude!"

Got to get you into my life

I was alone, I took a ride,
I didn't know what I would find there.
Another road where maybe I could see another kind of mind there.

Then I suddenly see you.

The Beatles

Porque eu nunca conheci ninguém que me deixasse sem palavras antes.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Shaking Leg

Algo me aflige, me incomoda. Não consigo identificar o que é. Estou ansiosa? Nervosa? Algum cheiro está ruim? A posição é desconfortável? Alguma dor de cabeça sem motivos? Um coceira escondida? Um incômodo do subconsciente? Algum sinal do meu cérebro? Há algo errado? Ou fora do lugar?
Não sei. Definitivamente não sei.
E se não sei nem o motivo disso, vou saber extravasar? Aliviar? Relaxar?
Não.
Por isso balanço a perna.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Chuva Simpática

Está chovendo bastante.
Mas por mais cinza que o dia esteja, a chuva esta muito simpática.
As gotas que escorrem pela parede do prédio dançam pelos vãos dos ladrilhos, as que caem na janela ficam paradas me espionando e de vez em quando alguma se vai. As que gotejam da beirada dos telhados, descem calmas, sorridentes, quase brincando, e as que passam reto, sem encostar em nada, simplesmente estão felizes por tocarem o solo.
E nisso fica esse barulhinho gostoso, um chiado em coral no fundo e alguns estalos de gotas mais robustas que caem mais próximas.

É tão agradável que nem sinto vontade de colocar música.

Agora, no final do post, o céu ficou todo orgulhoso, só porque está ganhando um post exclusivo no meu blog, e resolveu me avisar que está prestando atenção, mandou um raio, igualmente simpático, como se coçasse a garganta, me olhando por trás da cadeira.

domingo, 20 de setembro de 2009

Nara

Existe dia pra homenagear tudo e todos.
Pode até ser que exista um dia certo para os irmãos (e irmãs, de uma forma genérica), mas acho mais especial o
20 de setembro.
Para falar a verdade, eu nem sei dizer exatamente quando isso começou, porque desde que me conheço por gente, o dia 20 de setembro é o dia das irmãs.
Me sinto muito feliz e honrada de saber que isso foi uma homenagem direta a mim, pois quem inventou isso foi a minha irmã. E sei que pode parecer uma desculpa para presentear e ser presenteada. Mas não é nada disso. E também não quer dizer que eu lembre que tenho uma irmã só no vigésimo dia do nono mês de todo ano.
É bem mais que isso.
É o dia que me enche o olho de lágrimas só de pensar que foi uma homenagem a este ser que veio roubar a cena 12 anos depois.
E eu acho que nunca consegui dar de volta todo o amor que recebo, porque o máximo que eu faço é escrever uns bilhetinhos, comprar algum presente e responder um par de “
yes” toda vez que falo ao telefone. Enquanto eu recebo todo o carinho do mundo, toda a atenção. Eu tenho uma irmã que consegue ser mais coruja que a minha mãe, que se preocupa mais do que deveria, que se orgulha além do que consegue, que ama além do que se espera, que fala mais que o esperado e que sente saudade mais do que qualquer um. Mas que também é mais amada do que imagina. Eu tenho certeza.

E por mais que eu falhe nesse papel, não existe coisa mais importante pra mim nesse mundo do que minha irmã e meu irmão. Não existe ninguém que eu ame mais.

Nara, eu te amo muito, muito.
E, apesar de ser dia das irmãs, Mimo, eu também te amo muito, muito.

E, Mayra, minha ninam, você é a minha única irmã mais nova, eu também te amo demais. (hehehe...)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Entre outras mil, és tu...

Mês passado eu fui ao PSIU pra fazer a segunda via da minha identidade, porque não posso tirar carteira de motorista com aquela foto de criança. Bom, peguei uma senha e fui sentar. Depois de alguns (muitos) minutos, chamou a minha senha.
- Eu gostaria de fazer a segunda via da minha carteira de identidade.
- É pra exame de direção?
- Sim.
- Você tem a primeira via aí?
Entreguei-lhe a primeira via.
- É, você vai ter que esperar 30 dias para as suas digitais serem liberadas.
- OK, volto daqui 30 dias então. Obrigada.
Se passaram pouco mais de 30 dias. Voltei ao PSIU hoje. Na hora de pegar a senha:
- Senha pra que?
- Segunda via da carteira de identidade.
- Perdeu a outra?
- Não, é pra tirar carteira de motorista.
- Ah, sim. Você vai ter que ver se suas digitais foram liberadas e voltar aqui depois.
- É, eu sei. Obrigada.
Caso não tenha ficado claro, precisei pegar uma senha para verificar se as digitais foram liberadas. Esperei, mas não muito desta vez. Número 96, that's me!
Na hora de sentar no guichê de atendimento, uma mulher invadiu o meu lugar pra perguntar o que precisava pra tirar a segunda via da carteira de identidade. Ignorou as ordens da atendente até que tivesse as informações que queria. Conseguiu. Agora sim, minha vez. Afinal, senha 96 sou eu, né dona?
- Eu queria verificar se as digitais foram liberadas pra tirar a segunda via da carteira.
- Ah, sim. A primeira via ta aí?
- Sim, aqui.
- Suas digitais foram liberadas. Agora você vai ali com aquela moça da senha pra agendar pra tirar a segunda via.
- Ah, tem que agendar é?
De volta ao guichê da moça "simpática" da senha, que agora estava saboreando um sorvete que derretia horrores. Sem querer atrapalhar o malabarismo dela, de querer chupar o sorvete de todos os lados ao mesmo tempo, eu pedi a ela para agendar para eu tirar a segunda via, enquanto ela me olhava com a boca ocupada demais para dizer "pois não".
Largando do sorvete...:
- Trouxe os documentos?
- De que eu preciso?
Com um ar de quem quer se livrar de mim, ela me deu um papel com a série de documentos que eu iria precisar para agendar, e voltou ao sorvete.
Ou seja, eu preciso de um monte de coisa (que ninguém me avisou antes) para voltar lá, num outro dia, e simplesmente agendar. Aí, no dia marcado, eu preciso ir ao banco, pagar a taxa (que tem que ser paga no dia agendado) e ir ao PSIU para conseguir tirar a segunda via.
E aí, se tudo estiver certo, eu espero mais algumas semanas para finalmente ter o documento. (...)

Fui até a papelaria comprar um papel que precisava para tirar a segunda via. Cheguei lá, me aproximei de onde estavam as 6 funcionárias, desocupadas e conversando, e esperei alguns segundos. Depois de perceber que a minha presença não foi notada (porque eu não sabia que trabalhavam seis moças cegas lá, eu juro!) eu pedi pelo papel. Sem nem interromper a conversa, uma delas passou o dedão na língua, tirou duas folhinhas de um bloquinho cinza e me entregou. Eu confirmei "as duas folhas que preciso estão aqui?". Ela fez que "sim" com a cabeça, sem interromper a frase que falava com as outras.
- Obrigada. (...)

Mais tarde, fui em uma outra papelaria para comprar papel para a maquete. Ao atravessar a rua, na faixa, eu tive que desviar de um carro que ficou em velocidade constante enquanto o sinal não abria. Ele foi avançando calmamente, até que, quando o sinal abriu, o carro já estava passando da faixa de pedestre.

E aí eu pensei: "... Brasil, ó pátria amada."
(Mayra's photo)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Tim,

não me decepcione.
O trailer é perfeito.
A expectativa é gigante.

Surpreenda-me (novamente)

... e surpreenda aqueles que não surpreendeu antes.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sorriso

Me olhei no espelho e lá estava eu, com cara de idiota. Agora fico assim quase o tempo todo. Perco o olhar no nada. Fico fuçando na memória, lembrando de cada detalhe, cada gesto, cada palavra, cada olhar.

E de vez em quando não consigo disfarçar.
Simplesmente sorrio para o nada.

Fico pensando nas coisas incrivelmente semelhantes.
Fico pensando nas coisas que extrapolam as minhas expectativas.
Vou me surpreendendo, gostando mais.

E tenho certeza que não sabe o quanto reparo nos detalhes, e o quanto gosto deles.

Tá tudo tão perfeito que me sinto mal por coisas que não estão tão perfeitas para os outros que convivem comigo.
Porque se todo mundo estivesse feliz como eu, a Lua sorriria todos os dias.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sobre o tempo

"Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda, eu sei, pra você correr macio."

Acordar cedo. Trocar de roupa. Tomar café. Escovar o dente. Escovar o cabelo. Descer para esperar a van. Zanzar por 40 minutos com a van. Aula. Hoje não teve intervalo. Fim da aula. Devolver livro na biblioteca. Esperar van. Descer no centro para almoçar. Encontrar amigos. Almoçar. Conversar um pouco. Ir para a aula teórica da auto escola. Descobrir que já viu a matéria daquele dia. Arranjar coisas para a cabeça por 2 horas. Multiplicar o tempo de enrolação por uma queda de energia. Voltar para a casa. Comer. Tomar banho. Desenhar. Ler. Postar no blog. (e daqui a pouco...) Desenhar mais. Ler mais. Fazer algumas contas. Começar o trabalho de quinta-feira. Dormir.

Yeah, as coisas estão meio corridas.

"Tempo amigo, seja legal, conto contigo pela madrugada, só me derrube no final."
[Sobre o tempo - Pato Fu]

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Love is all you need.

"Pelo que vale a pena morrer? E pelo que vale a pena viver?
A resposta para as duas perguntas é a mesma: amor."
[Adaptado de Don Juan DeMarco]

Na verdade, no filme, são 4 perguntas. Mas essas duas aí me tocaram.
Sinceramente, eu acredito nisso.
Porque quando eu ocupo a minha mente com as minhas filosofias de boteco e me pergunto pelo que vale a pena viver (ou morrer), eu acabo chegando ao amor.
Amor de todos os tipos.

Eu amo profundamente algumas pessoas. E elas simplesmente fazem valer a pena.
Eu teria outra vida para ficar do lado destas pessoas? Para amá-las ainda mais?
Acho que não. Então continuo amando nessa mesmo.

Porque a única coisa que pode se equiparar (mas não superar) com a sensação de amar, é ser amado.

"All you need is love" [The Beatles]

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Banho

Dia frio. Você respira fundo e se levanta para ir tomar banho. Entra no banheiro, tranca a porta. Agora, mais coragem. É preciso ficar nu. Respira fundo mais uma vez e tira toda a roupa. Entra no box. Calcula meticulosamente uma posição estratégica para abrir o chuveiro sem se molhar, porque logo que abre a água está fria, gelada. Gira a torneira uma única vez. Posiciona a palma da mão no meio do caminho da água. Ainda não está bom. Este chuveiro é uma droga, não esquenta nada. Aí, gira alguns milímetros e testa novamente. Continua frio. É, tem que apelar para a técnica de fechar o chuveiro bem vagarosamente e atentar o ouvido para o som elétrico que indica quando o chuveiro está prestes a desligar. Desliga e religa o chuveiro umas duas vezes até conseguir mantê-lo ligado, numa posição bem vulnerável. Espera alguns segundos para ver se não vai desligar mesmo. Coloca a mão na água de novo. Uau, agora está bem quente, mas vai assim mesmo. Entra lentamente debaixo da água, para o corpo acostumar com a temperatura e não cozinhar. Molha a cabeça e começa a se acostumar com a temperatura fervente. Derrama um bocado de xampu na mão, dá um galeio “semi-automático” com a mão para levar o xampu à cabeça. Começa a esfregar, forma-se muita espuma. De repente, o chuveiro resolve desligar.

Murphy maldito.