Falar sobre amor é um clichê total.
É tão clichê que qualquer um consegue. Aí estão os sertanejos que não me deixam mentir.
Não estou falando que seja fácil, pois não é. Aliás, é muito difícil. Expor o que se passa pela cabeça num momento de profundo sofrimento ou num momento de extrema felicidade é muito difícil, porque quando se trata de amor, nem tudo vem à tona em palavras. Quase nada. Os sentimentos afloram pela pele, pela boca, pelos olhos, os movimentos entregam e a respiração não esconde, tudo faz parecer que está escrito na sua testa. É inevitável.
Você até tenta esconder, mas todo mundo percebe. E o universo todo percebe porque todos os átomos desse universo já amaram algum outro átomo desse universo. Todos já sentiram. E é por isso que é um clichê.
Mas justamente por ser algo que todos já sentiram (ou que ainda vão sentir) que todos ainda falam. Sempre falaram e sempre vão falar. O amor é nato e eterno. O que muda é o alvo dele. E nunca adianta tentar prever ou recolher experiências alheias, pois o amor não se repete. Cada história acontece em seu tempo, à sua maneira. Por isso é tão lindo de se observar, mas nunca de se estudar, não é algo com explicação.
"Você me avisar, me ensinar, falar do que foi pra você, não vai me livrar de viver."
É por isso que admiro Camões, Pessoa e Amarante (entre outros), porque falar de amor todo mundo consegue, mas expor todo aquele sentimento hiperbólico, que nasce de uma palpitação no peito e que toma conta da massa cinzenta por completo, com delicadeza e profundidade, não é para qualquer um.
"Se ela te fala assim, com tantos rodeios, é pra te seduzir e te ver buscando o sentido daquilo que você ouviria displicentemente. Se ela te fosse direta, você a rejeitaria."
É, eu sei, não é assim, mas... deixa eu fingir e rir! Porque eu estou feliz!
[Trechos de Sentimental - Rodrigo Amarante]
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