segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Work it out

Playlist perfeita, com as músicas que quero ouvir hoje e que me inspiram.
Temperatura corporal adequada, sem frio nem calor.
Cadeira confortável, posição dos pés confortável, roupa confortável. Enfim, todo o conforto possível e necessário.
Cabelo preso.
Iluminação boa, não muito claro, porque não gosto. Mas também não muito escuro, porque preciso enxergar bem.
Todos os materiais próximos, ao alcance da mão. Lápis, estilete, borracha, régua, papel, as anotações feitas em classe, os desenhos e a maquete anterior.
Concentração e inspiração para recriar.
Espero que saia algo bom.

Traduzindo: vou passar a tarde trabalhando nos meus desenhos e na minha maquete.

sábado, 29 de agosto de 2009

Desenho Cego

Estranhamento. Você deve olhar o objeto de forma diferente. Não dê nome ou rótulo. É a coisa.
Sem tentar imaginar se está certo ou não, simplesmente desenhe as linhas que vê. As curvas, as retas, as sombras e as luzes.
Fique embriagado pelas linhas, pela forma, pela iluminação, pelo conjunto todo.
Deixe-se levar.
Filtre os sons alheios, as sensações, as impressões.
Veja o objeto. E nada além do objeto.
Nunca olhe o desenho. Sua auto-censura tentará corrigi-lo. Não permita isso, nunca.
Não permita que sua mente pense em qualquer outra coisa além do desenho por uns 15 minutos.
E se conseguir... eis a concentração. Aí você alcança o estágio de concentração necessário para produzir coisas belas e sujas.
E volte para o mundo.

E hoje o universo se expandiu.
E eu não quero ficar procurando um motivo óbvio para a vida. Porque hoje, me basta você.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Mata-cachorro

Sim, eu sou meio viciada em cachorros.
Mas nada neste mundo dá, ao ser humano, o direito de matar um cão.

Já passei por um medo tremendo de perder a minha filhotinha (minha cadela) porque ela comeu frango de um tal de Gaulino Pilberto*, que tem fama de matar aqueles quadrúpedes que atacam seus "bens". E, na maioria das vezes, mata covardemente, dando ao cão um suculento pedaço de carne envenenada. Quando ele consegue pegar o cachorro ainda com o frango na boca, dá um tiro na cabeça, sem mais nem menos.
É, ele tem instintos predadores como os animais. É predador tanto quanto, é irracional tanto quanto.
O problema é que esse idiota mata qualquer quadrúpede mesmo.
Uma onça atacou uma vaca dele. E não é que o imbecil foi lá e deu carne envenenada pra bicha? Para uma onça! Esse covarde envenenou uma onça!

Acho que se dependesse dele todos os animais entrariam em extinção. Exceto suas galinhas e suas vacas queridas.
Não acredito que vim da mesma origem que este asno.

*o nome foi trocado para preservar a identidade do idiota e para preservar a minha liberdade de expressão, porque infelizmente não posso provar que ele é um criminoso.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Pronome possessivo

"- Is she yours? - Yes, she's mine."
Essa é a minha cena favorita no filme Closer.
O Dan re-encontrou a Alice e eles estão lembrando de detalhes do dia que se conheceram. Aí ele decide contar algo novo, que não tinha contado antes. Ele conta que quando beija a testa dela no táxi, a caminho do hospital, o motorista pergunta "Ela é sua?" e ele responde, com certeza do que diz, "Sim, ela é minha.".

Acho que tanto a pergunta do motorista, quanto a resposta dele, são absolutamente profundas e sinceras. A pergunta diz tudo, e a resposta também.

Enfim...
ela é sua?

domingo, 23 de agosto de 2009

Será?

Tudo nasce, cresce, reproduz e morre.
Será?
Porque, sinceramente, algumas coisas parecem apenas nascer e crescer. E só crescer.
E desenhar um gráfico infinito, só melhorando.

Isso é lindo.

Hoje eu estou meio encantada, com pensamentos legais.
Mas deixo a curiosidade, não vou repassar.
Eu só queria que todo mundo estivesse bem como estou hoje.

Mas é uma pena que não seja assim, e que a maioria das coisas sigam o caminho natural, e morram.
É uma pena...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Rainy days

Dias chuvosos são sempre cheios de peculiaridades. Como tenho mania de reparar no comportamento alheio, me divirto em dias assim.
Na rua é cheio de gente com guarda-chuva psicológico, ou seja, está lá, aberto acima da cabeça, mas a pessoa está com a cabeça tão cheia, andando tão depressa, que nem vê que não está protegendo nada, só o topo da cabeça continua seco. E guarda-chuva também é legal para notar quem é desastrado ou não. Um desastrado não consegue disfarçar, enrosca em tudo quanto é canto, machuca os olhos dos pedestres e anda mais desengonçado do que o normal.
Seria o meu caso.
Chuva é boa pra mostrar aquele buraquinho na sola do tênis que você ainda não descobriu, e que só vai notar quando a metade do pé já está molhada.
Também é boa para desmascarar chapinhas, porque não há cabelo alisado que aguente uns pinguinhos, ou até mesmo o ar úmido.
Os pedestres guarda-chuvados revelam o seu lado egoísta. Porque mesmo protegidos, continuam andando debaixo dos toldos das lojas, e esbarram a maldita sombrinha na cabeça do pedreste sequinho que passa ao lado.
E já reparou que os lixos dos bancos e das lojas viram porta guarda-chuvas, milagrosamente? Ninguém pensa duas vezes antes de se livrar da sombrinha molhada, enfia dentro do primeiro "potinho" que vê pela frente.

Eu não deixo de ser como a maioria também, mas procuro raciocinar um pouquinho para me molhar menos.
O melhor mesmo seria simplesmente não sair de casa em dias assim.
Aliás, o melhor meesmo, seria ficar abraçadinho.
Chuva é boa para ver filme debaixo do cobertor. Mas hoje vai ser boa para fazer trabalho de arquitetura. Eba!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Trote

Luiza? Hoje não. Hoje é Paçoká. Por quê? Porque sou bixete burra. Só hoje. (eu espero...)
Passei a manhã desenhando nas Thermas. 11 horas a aula acabou. Até que enfim, vou almoçar.
Aham... claro.
Na porta uns 12 veteranos pegando nossos materiais e etiquetando, os materiais e os bixos. 'Quer um conselho? Guarda sua blusa, ou vai sujar.' Ok, guardem a blusa, eu passo frio.
Devidamente etiquetada, fui para o paredão de fuzilamento. Virei guache em pessoa. Em pessoa não, em bixo. Aí, todo mundo suja a mão de tinta branca e bate na bunda do bixo da frente. Sim, todos os bixos com a mão branca de Saruman na bunda. Só? Não, agora dá a mão esquerda pro bixo da frente, por baixo da perna dele, e a mão direita pro bixo de trás, por baixo da sua perna. Famoso elefantinho. Ok, fácil. Se não tivesse que andar. Mas fui torta, suja, com frio e fome, gritando o lema 'Bixo burro, veterano gente boa!'. E, claro, tudo filmado e fotografado. Pelos gente boa, para rirem mais tarde. Depois da maratona, um círculo e vamos para as brincadeiras.
Passei palitinho. Ganhei um beijo no braço do 'Trevis' e dei um beijo no nariz do 'Porquinho'. Dancei algumas coreografias ridículas. E fui para o semáforo.
30 reais. Ou não podia ir embora. Pois bem, fui pedir dinheiro para os carros que não subiam o vidro e parei pessoas que não me olhavam como louca. Consegui a grana.
Aí, com as tarefas cumpridas, já veio um veterano virando uma pinga em mim. 'Não!' 'Não vou jogar na sua cabeça, é pra você beber.' 'Não! Eu não bebo!' Aí, como se fizesse toda a diferença do universo para mim, ele veio virar uma garrafa de cerveja. 'Não, já disse que não bebo.' 'Nem cerveja? Vai ser pior pra você... Gente, aqui ó, bixete que não bebe!'
Droga. Uma garrafa colocada no chão e um megafone para me dar ordens. 'Agora vai ter que descer bixete!' 'Nem a pau!' Acho que a cara de brava, somada com a tinta e com a cara de cansada, convenceram o veterano. 'Tá bom, então da um beijinho na Creuza [a mulher desenhada no chão] e faz carinho nela.' Tá bom, melhor que descer na boquinha da garrafa. Um selinho e umas dez passadas de mão no desenho da calçada.
Agora sim, acabou.
Quase 3 horas, que fome.
'Não vamos ganhar almoço?' 'Tá com fome, bixete? Pede mais 5 reais no semáforo e compra um lanche!'

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Menstruação

O Ministério da Saúde adverte: não siga lendo o texto se tem estômago fraco, problemas cardíacos ou se está na TPM.

O título é chocante, eu sei. Todo mundo usa eufemismos para falar da menstruação. Parece até o Voldemort, que ninguém tem coragem de falar o nome. Talvez seja assim porque aquela-que-não-deve-ser-nomeada é semelhante ao Lord.
Afinal, causa dor, sofrimento, faz uma mulher implorar para morrer e transforma a mais meiga menina numa psicopata bipolar.
Nem o mais renomado ginecologista consegue compreender o que é MENSTRUAR.

Primeiro a garota passa um tempo sentindo umas dores de barriga inexplicáveis. Por mais que defeque tudo o que tem para defecar, a dor não passa. Dores no peito, sensibilidade total, que impedem-na até de receber um abraço. Depois surgem algumas dores nas costas, que fazem aquela linda garotinha pensar que pode estar com algum problema no rim. Aí ela passa alguns dias gritando com todo mundo e chorando por qualquer "não" que escuta. Por fim, a garota, inocente, levanta para ir à escola e, quando vai ao banheiro, se depara com a calcinha ensanguentada. "Mãe!". Só então que ela percebe que vai passar por todo este processo dolorido uma vez por mês, até que seu sofrimento se transforme em calores e mau humor, controlados por hormônios.
Eis a menstruação.
Aí essa garotinha, agora uma mocinha, vai ralando para descobrir os macetes da coisa. Ela mancha 32 calcinhas, deixa vazar aquele borrão escuro de sangue em 3 calças jeans, suja lençóis e pijamas, até descobrir que existe o absorvente noturno, que é um eufemismo para fralda. E ela vai ter que passar por alguns apuros para adquirir o costume de carregar algum absorvente reserva na bolsa. E também vai descobrir que Atroveran, e todos esses remédios milagrosos para cólica, são apenar um conforto psicológico. Pois continua doendo, mas ela acha que se não tivesse tomado estaria doendo mais (se é que isso é possível).

Todas as mulheres já desejaram que algum homem menstruasse pelo menos uma vez na vida. Para que ele, antes de se gabar, achando que aguenta qualquer dor e que não sente nojo de nada, veja o que é essa tal hemorragia mensal. Porque eles não imaginam o que é levantar e sentir o mundo vindo a baixo. Abaixo da sua tal. Eles nunca sentiram aquele sangue grosso, escuro e nojento.

E cada garota passa pelos obstáculos, pelos ódios e pelas dores da sua própria menstruação.
Essa do texto aí de cima é esta que vos escreve.

domingo, 16 de agosto de 2009

Pelo domingo, que é lindo.

Tem dia mais insuportável que domingo?
Sim, ainda é final de semana, mas é um dia morto, do começo ao fim.
Primeiro, porque amanhã é segunda-feira. Sendo assim, é um dia livre pra qualquer coisa, desde que não atrapalhe a sua maravilhosa segunda. O pior de tudo, é que é um dia perfeito para arrumar o quarto. Só falta o ânimo. O quarto bagunçado tá lá, me esperando.

Mas estou reclamando de barriga cheia, o meu final de semana foi bem agradável.
Porque quando há um silêncio constrangedor, é um saco. Mas quando o silêncio não incomoda mais, é simplesmente delicioso. (Quentin?)

E fico por aqui, ouvindo as música do meu irmão. É bom que mata a saudade.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Mimada

Fiquei muito mimada de amizades. Ultimamente me senti tão rodeada de gente interessante que ficou difícil de baixar o nível.
Agora eu estou exigente. Desde sempre eu procurei ter amizades interessantes, pelo menos um pouquinho. Mas agora, o negócio é extremo. Não sei se isso é bom, talvez não.
Só sei que me senti mimada. De repente eu estava andando só com gente legal todos os dias.
Isso não faz bem, da nó na cabeça de um ser humano fraquinho como eu. Não consigo voltar ao normal agora.
Malditos amigos perfeitos.
Onde vou encontrar alguém pra substituir todos vocês durante a semana?

Tá tudo bonitinho na minha vida, só tá faltando vocês!
Sei que não vou perder contato, não vou deixar isso acontecer. Mas durante a semana o coração aperta de saudade.

Bom, o post já melou demais.
Um abraço aos meus amigos eternos. (que todos sabem bem quem são)

E eu vou indo, porque tem, mas acabou.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Beatles ou Jesus?

Uma vez o John Lennon (sabe aquele cabeludinho?) disse que eles (der, os Beatles) eram mais famosos que Jesus Cristo.
Bem, vamos analisar.
Se você for à Jerusalém, todos vão saber quem é Jesus Cristo.
E se você for à Liverpool, todos vão saber quem são os Beatles.
E eu acho que em Jerusalém todos vão saber quem são os Beatles.
E também acho que em Liverpool todos vão saber quem é Jesus Cristo.
Conhecidos eles são, ninguém duvida.
E faz sentido.
Apesar dos rumores, Jesus existiu, falou um monte de coisa, agitou um monte de gente, fez algumas coisas chamativas e ficou bem falado.
E apesar de outros rumores, os Beatles existiram, falaram um monte de coisa, agitaram um monte de gente, fizeram coisas chamativas e ficaram bem falados.
Muita gente sabe recitar o 'Pai Nosso'.
Muita gente sabe recitar o 'Twist and Shout'.

Não posso negar que a fama é parecida, difícil de saber quem é mais famoso. Quanto ao mais querido... também acho difícil. Quanto ao mais citado... putz, difícil também.

Então, deixa eu ver... Quem já escreveu alguma coisa: Jesus? É, escreveram por ele. John? Sim. Paul? Sim. Ringo? Sim. George? Sim. Seguidores: é, todos eles. Registros históricos: Jesus? É... vejamos... um livrinho serve? Não sei... John, Paul, Ringo e George? Bem, tem vários LP's, e CD's, e DVD's, e livros... fora quem ainda tá vivo, né.

É, essa discussão é meio sem fim.
Então vou ficando por aqui, com os LP's mesmo.

Obs.: agora é livre pra qualquer um comentar no blog.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Vassoura d'água

Foi só reclamar da falta de motivos para a acidez que comecei a reparar de novo nas coisas que me incomodam.

Ontem, num curto espaço de tempo, passei por três "luzes-de-inspiração" usando as famosas vassouras d'água, conhece? É a mais comum de se ver, usada bastante por empregadas desinformadas e por velhinhas mofadas. Identificar uma vassoura dessa é bem simples, são compostas por:
~ uma mangueira bem comprida - para alcançar desde o quintal até a rua, garantindo que nenhum balde seja usado;
~ uma torneira bufante - porque se for muito fraca não faz pressão suficiente para varrer e não garante aquela babinha que fica escorrendo na boca mal emendada da mangueira;
~ inúmeros remendos de borracha - daqueles de câmara de ar;
~ um dedão gordo - porque se for muito magrelo não dá conta de fechar 3/4 da boca da mangueira;
~ ócio - afinal, para varrer uma calçada inteira é necessária uma tarde inteira, no mínimo.
Geralmente os usuários da vassoura se encontram com a barra da calça dobrada até o joelho, uma havaiana branca e azul clara, gasta no calcanhar, e em processo de decomposição cerebral.
E pode reparar, quando encontrar um usuário ele estará provavelmente entretido com uma folhinha seca que entrou no vão da calçada e não sai com a força da água. Ou então tentando varrer uma mancha da calçada. Ou ainda, conversando com a vizinha, ambas, distraidamente, varrendo lugares que já estão limpos.
Mas é normal, alta tecnologia.

Obs.: é, eu sei que esse texto está cheio de preconceitos, mas são baseados nos três dementes que vi, e nada além disso.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Cotidiano

Tô começando a sentir o gostinho do que será o meu cotidiano pelo próximo semestre.
Maquetes. Desenhos. Papel. Prancheta. Lápis. Giz. Bloquinhos. Pastas gigantes. Coisas espaçosas para levar na van. Prato feito. Bolachinha. Coca-cola. E algumas daquelas "coisas de adulto" para resolver.
Se eu tô gostando disso? Amando.
Téquinfim! Tô estudando o que eu gosto!
Bom, foi apenas o segundo dia, mas as coisas estão começando a entrar nos eixos. E estou achando legal de, no segundo dia, estar com uma sensação que não é tão comum à todo mundo. A sensação de que realmente escolhi o curso certo. Lindo isso.

O meu lado ácido foi meio apagado por essa felicidade. Mas não vejo problema nisso.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

New

A minha sensação de hoje é: novo.
Não consigo descrever com outra palavra.
Tá tudo bem diferente, mudando bastante e ao mesmo tempo.
Estou com altas sensações diferentes, vivendo situações diferentes. Boas? Ruins? Diferentes. That's the word.

Acho que tá tudo bom demais pra ser verdade. Apesar da minha timidez estar em destaque, por causa das situações novas.

Talvez eu mereça tudo bom demais pra ser verdade, né? Maybe...

sábado, 8 de agosto de 2009

Ironias do destino

1. Um basset avançou em mim por eu tentar passar a mão na cabeça dele, mesmo depois de eu dar pipocas à ele. Uma dorberman, com a qual eu fui brincar com o maior receio, fui super lindinha e receptiva.

2. Durante muito tempo, no meu meio de amigos, fui uma das únicas a namorar. Agora estão praticamente todos namorando, e eu solteira.

3. Ontem havia alguém interessado em falar comigo no MSN, e eu saí cedo. Hoje estou no MSN, e disposta a ficar até mais tarde, e não tem ninguém interessado em falar comigo.

C'est la vie.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Sentindo

Inspirada pela "Lisbeth" e pela música lindinha do Paul McCartney (Great Day - indico!), hoje quero falar sobre o nó dos meus sentidos.
Porque eu não posso mais simplesmente confiar neles. Eu olho, sinto o gosto, o cheiro, a textura, ouço, e não posso confiar nisso. Da última vez que confiei em tudo que meus sentidos estavam me mostrando, em tudo que eu via e ouvia, em tudo que eu buscava sentir, eu acabei com a cara no chão. Pois por dentro, aparentemente, era outra coisa.
E aí? Se não posso confiar em tudo que os meus cinco parceiros me mostram, eu vou confiar no que?

Agora meus sentidos me trouxeram, como numa valsa, até uma bifurcação. Vim deslizando, sem perceber. E que caminho escuro. Meus sentidos não conseguem nem imaginar o que vem pela frente. Parei de respirar, fechei os olhos e a boca, tapei os ouvidos, e aqui fiquei. Só olhando o presente.

E, ah!, como eu queria que meus sentidos estivessem certos! Como eu queria acreditar no que vejo agora, no que ouço... e correr o risco de quebrar a cara de novo?

Toda vez que eu quebro a cara e junto os caquinhos de novo, fica uma cicatriz.
Estou com medo das possíveis proporções de uma nova cicatriz.
Ah, hoje eu to cagona, mas quem sabe amanhã eu to meio Hércules?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Sky

Sempre achei que olhar o céu é coisa de apaixonado.
Não sei explicar bem o porquê, mas acho que quem repara no céu está com o coração acelerado por alguém.
Talvez o amor seja um sentimento azulado, dos tons do céu.
Talvez a distância dos astros conforte a distância do amor.
Talvez o brilho das estrelas lembre o sorriso do outro. Ou o olhar.
Talvez a imensidão seja o único lugar onde cabe o amor de um apaixonado.
Talvez a lindeza do universo lembre a do dito cujo.
Não tenho certeza, mas sei que todo apaixonado olha pro céu e sorri. E viaja. E pensa.

Devo ser uma eterna apaixonada. Olho o céu todos os dias, admiro as estrelas todas as noites, curto os tons do fim da tarde e procuro a Lua em todas as fases.
Acho que sou apaixonada pelo céu.
Mas não nego que a Lua me lembra você.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Labirinto

O que será que ele está pensando?
O que será que ele está pensando que eu estou pensando?
Será que ele sabe que estou pensando no que ele deve estar pensando?

E assim o cérebro segue, infinitamente, nos guiando por um labirinto do medo de se comunicar. Basta perguntar, certo? Um pouco de sinceridade e honestidade.
Bote pra fora, pergunte como quiser, responda como quiser, aja como quiser. E pare de pensar no que os outros estão pensando! Não vê que é um labirinto? Que todo mundo faz isso? E que assim a tendência é ficarmos projetando, imaginando, alucinando, iludindo, por não sabermos o que todos estão pensando e por não falarmos o que estamos pensando!

Mas mesmo sabendo de tudo isso, eu não crio coragem para falar tudo o que penso e nem para perguntar o que você está pensando.
Mas de vez em quando eu arrisco.

E assim caminha a humanidade...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Tarantinando

Pensando num modo meio Quentin Tarantino: quando você deseja que um momento não acabe nunca, é quando você sabe que gosta da companhia de tal pessoa.

Está tudo tão agradável que, de repente, já é tarde, o tempo voou e você deve se despedir. E aí você se sente impotente e nenhum pouco dono da sua vida, pois tem de dar fim a um momento extremamente querido. E a vontade de largar mão de tudo, e conversar eternamente com um grupo seleto de pessoas, nasce, cresce, reproduz e morre. Num período tão curto de tempo que faz você se sentir idiota por não ter lutado mais por isso.

O sentimento nasce e você sente enorme alegria.
O sentimento cresce e te dá vontade de ter capacidade para fazer fotossíntese, para ser ininterrupto.
O sentimento reproduz e você posta um texto medíocre no seu blog.
O sentimento morre e você perde a certeza de que foi lindo, e se sente inseguro para repetir.

Pelo menos funciona assim comigo.

domingo, 2 de agosto de 2009

Timidez

Estou procurando uma vantagem em ser tímida.
Até agora não encontrei, mas continuo procurando. Deve ter, não é possível!
Fuçando no meu pensamento consegui achar só podres na minha timidez. Muitas pessoas me falam que, por eu ficar muito quieta e séria, me acham chata e arrogante logo que me conhecem. Ainda bem que mudam de opinião depois. Quer dizer, espero que mudem.
E a dificuldade para comunicação? Se qualquer coisa me deixar meio sem graça eu já gaguejo e me perco nas frases. Fora aquelas situações que fazem todo mundo prestar atenção em mim, tipo responder/fazer uma pergunta na classe, apresentar algo, tropeçar, falar alto, usar algo chamativo. Nessas situações eu queria ficar invisível ou microscópica. O sentimento que roda pelo meu corpo é horrível, meu coração dispara, meu cérebro não raciocina e meu peito faz força para eu me implodir e sumir.

Sendo assim, a intimidade é algo a ser consquistado comigo, e não facilmente.
Mas depois de íntima, eu sou descontraída e relaxada. Até demais.

E mesmo que o mundo evolua, que o homem mude, que o cérebro desenvolva, que a paz reine ou que a guerra domine, o primeiro "oi" de um tímido é sempre muito difícil. E nada vai mudar isso.

Eleanor Rigby

"Ah, look at all the lonely people!
Eleanor Rigby picks up the rice in the church where a wedding has been, lives in a dream. Waits at the window, wearing the face that she keeps in a jar by the door. Who is it for?
All the lonely people, where do they all come from? All the lonely people, where do they all belong?
Father McKenzie, writing the words of a sermon that no one will hear, no one comes near. Look at him working, darning his socks in the night when there's nobody there. Why does he care?
Eleanor Rigby died in the church and was buried along with her name. Nobody came. Father McKenzie, wiping the dirt from his hands as he walks from the grave, no one was saved.
All the lonely people, where do they all come from? All the lonely people, where do they all belong?"


Eu nunca vi alguém contar uma história tão tocante com tão poucas palavras.
Vou fazer uma afirmação arriscada: talvez esta seja a minha beatlesong preferida.

Insônia

Noite de sábado. Madrugada de domingo.
Cá estou eu, em casa.
Quando estou desanimada, não to nem aí, posso ir dormir cedo, ou assistir TV. Mas quando estou empolgada, sem sono algum, com vontade de ficar acordada até (no mínimo) 5 da matina, aí voltar cedo para casa é dolorido.
Neste momento estou profundamente frustrada. É porque hoje foi um daqueles dias que eu fiquei planejando para dar certo o dia inteiro, porque eu tinha umas quinze coisas para fazer durante a noite e queria fazer tudoaomesmotempoagora. Por fim, uma das coisas deu certo, mas a noite é uma criança e eu já estou em casa.
Se, pelo menos, a noite estivesse gelada, chovendo, se as companhias fossem horríveis, se eu estivesse com fome e dor de cabeça, se estivesse doente e sem vontade de viver... mas não.

Bem, entre outras coisas, hoje estou confusa. Minha cabeça deu nó, meus pensamentos estão desordenados. Eu realmente não sei o que pensar, como agir, o que dizer...

Ando pensando demais. Muito. Muito mesmo. Bastante.

"I thought I knew you. What did I know?" [The Beatles]